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Contos-->O GRANDE MOMENTO -- 19/10/2005 - 21:03 (carlos alberto affonso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O GRANDE MOMENTO

Carlos Alberto affonso

_ Oi! Você, também, está esperando o grande momento?
_ Também. Não vejo a hora.
_ Legal, não é?
_ Ô!
_ Você já conheceu seus prováveis pais?
_ Já. Eles são tão bonitos; jovens ainda; adolescentes.
_ Que coincidência, os meus também.
_ O que é que você quer ser...: menino ou menina?
_ Eu quero ser menino. Igual meu pai.
_ Eu, menina, assim como minha mãe, acho-a tão bonita.
_ Olha o meu pai lá!
_ Onde?
_ Ali!... parado na calçada.
_ Aquele de camisa xadrez?
_ É!
_ Mas ele também é meu pai.
_ Seu pai? Então, temos os mesmos pais! Olha a nossa mãe se aproximando do papai.
_ A loira?
_ Ahnnn!... a loira, claro.
_ Mas a minha mãe é morena; é aquela que vem logo atrás da sua.
_ Então, temos apenas o mesmo pai?
_ Não sei. Ele não pode casar com as duas ao mesmo tempo, não é? Ele vai ter que escolher uma das duas.
_ Mas, se a minha mãe não for a escolhida, vou evanescer.
_ Não chore! Nada está sacramentado. Sinceramente, acho que sua mãe será a escolhida; veja como papai olha para ela; noto uma preferência.
_ Será? Mas, e você? Já gosto tanto de você; não gostaria que sofresse.
_ Não se preocupe, não doe.
_ Eu sei, e tudo será esquecido após o grande momento.
_ Dê-me a mão; vamos torcer um pelo outro; assim, não permitiremos que o egoísmo e a inveja ocupe nossas almas.
_ Não queria que fosse assim.
_ Será como tem que ser.

... toda a paixão contida por longo tempo explode, expargindo milhões de pontos brilhantes, inundando tudo de luz e vida.Um silencio revelador invadiu o pequeno quarto de empregada – ora desocupado – no fundo da casa de Vilma, único lugar que encontraram pra realizar aquele grande momento tão esperado. Extasiado, contemplativo, olhos semi cerrados, Gabriel avalia- se. Ele é muito novo ainda – 17 anos – sujeito a erros e enganos, passível de confundir uma grande paixão com amor; Vilma é muito bonita, sensual, dona de um corpo escultural desejado por todos; e ele foi o escolhido; a ele foi dado o privilégio da primeira vez e de tantas outras quantas forem a sua vontade; tudo isso mexeu com os seus sentimentos; confundiu sua cabeça; cegou-o. O desejo aplacou-se; um rosto vem a sua lembrança; alguém que chora; que foi preterida; isso aconteceu a algumas horas atrás; onde estaria ela agora; sofrendo muito, talvez, em sua casa; precisa encontra-la; um pressentimento de que tem que ser ainda esta noite; levanta-se de imediato; sobressaltada Vilma olha para ele – nada precisa ser dito – lágrimas brotam de seus olhos;enxuga os olhos dela com os dedos, carinhosamente, veste as roupas e sai para a rua.
Gabriel pega o celular e disca o numero da Marly: caixa postal. Não pode ligar para o fixo da casa dela. Será que ela já está dormindo? Andando rapidamente em direção a sua casa, imagina um jeito de chamar sua atenção sem que os seus pais percebam. Disca de novo para o seu celular: caixa postal. Ela deve estar dormindo, senão teria percebido a ligação, saberia que sou eu e me retornaria. Mas, se ela não quer me atender? Deve estar muito magoada e não sabe porque estou ligando.Caramba, vou ter que deixar para amanhã, assim que encontra-la, não terá como não me ouvir.Não, amanhã não! Tem que ser agora.Não sei porque, mas tem que ser já. Como vou fazer? Já sei! Vou ligar para um amiga dela e pedir pra fazer o contato pra mim. Qual? Irene... é a sua melhor amiga. Nervosamente disca. Está chamando. Vai dar certo. Porque ela não atende? Ela sabe que sou eu. Ela não está dormindo, senão estaria na caixa postal. Será que esqueceu? Se for, ela acorda.Se ela demorar vai cair na caixa postal. Caiu! Vou ligar de novo. Vamos menina, atenda , acorda, atenda. O sinal repete, uma, duas, três, quatro, cinco,... Gabriel! Irene...porque você demorou tanto para atender? Já estava ficando maluco. O que é que você quer? Eu preciso falar urgentemente com a Marly, mas ela não quer me atender. Por favor, liga pra ela . Diz pra ela me atender, é muito importante. Silêncio... ela está aqui, mas não quer falar com você. Ela está aí! Fala pra ela... que ... eu a amo.Silencio ... Gabriel... Marly!... Vem pra cá, a Irene vai nos ceder o seu quarto para conversarmos.

Será como tem que ser.
Aquela alma, que queria ser menina, ainda está lá, triste, mas conformada, aguardando o momento de evanescer. Está feliz, também, pelo menino, poderiam ter sidos irmãos, pediu até que ele ame também sua mãe. Já está sentindo os primeiros efeitos do evanescimento:uma leve brisa, fresca, transcedental. Sente-se desvanecer, exaurir-se.Será como tem que ser, repete a frase sacramental, depois, o vazio... a escuridão, o silencio etéreo, eterno. No infinito um pontinho obscuro, indefinido, sem foco. De repente: se abrilhanta, torna-se fulgente, revigorante, e a pequena alma sublima-se, exalta-se , e na essência fecunda: o grande momento.
Nove meses depois nasce a meiga Maria Rita, filha de Gabriel e Marly e irmã de Juninho, filho de Gabriel e Vilma, que havia nascido duas horas antes.

e-mail carlinhosaffonso@aol.com
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