A vida transcorria
Serena, mansamente,
Como a chalana no rio
Levada pela corrente.
A vida transcorria
Serena, cheia de paz,
Como os ventos soprando
As palhas dos coqueirais.
Entre sonhos, esperanças,
Para mim a vida era
Um campo cheio de flores,
Flores de todas as cores,
Numa eterna primavera.
O tempo foi passando,
Rodando as rodas do destino,
Pouco a pouco foi levando
Para longe e foi roubando
Os meus sonhos de menino.
Para outros planos se foram
Pai e mãe, irmãos e amigos,
Só amargas recordações
Ficam dos corações
Que eram meus doces abrigos.
Restava a alma gêmea
Que comigo dividia
Sob frágil segurança
O fio de esperança
Que à vida me prendia.
Como a chalana no rio
Navegando mansamente,
Um dia lá se foi ela
Levada pela corrente.
De longe eu avistei
Ela se distanciando,
Sem adeus, sem despedida,
Minha vida foi deixando.
Só me ficou a solidão
Num coração vazio
Pelo destino tangido
Como a chalana no rio.
Não é fácil, mas eu vou
Sair dessa solidão
E encontrar nova morada
Para abrigar meu coração.
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