Foi vaqueiro afamado no Sertão
e seu nome ficou foi conhecido,
que jogava o seu laço bem comprido
para alcançar qualquer touro fujão.
Correndo na caatinga rente ao chão,
todo agachado em sua montaria,
qual sendo a imagem mesmo da ousadia,
se acercava do boi na disparada
e era a rês no momento derrubada
e o vencedor, alegre, então sorria!
Mas, veio a seca, foi morrendo o gado
e nosso herói saiu lá da fazenda,
e, por perder, assim, a sua renda,
recebeu do patrão algum trocado.
Então, pegou a estrada para o lado
do litoral, pensando em pescaria:
"O peixe, agora, a fome me alivia!"
- pensou - e lá no Pina ele chegou,
aos jangadeiros logo se entrosou,
conseguindo a jangada que queria.
Dias depois já lança-se no mar,
passando de vaqueiro a pescador,
e à nova profissão com todo ardor,
pelas ondas, de novo, a "galopar",
lembra a caatinga verde de outras eras
e as plantas, nos montes, quais galeras,
qual as embarcações vistas agora,
o novo homem do mar ousado chora,
ao recordar as vinte primaveras...
Mas, certa vez, Galope não regressa
e os companheiros buscam-lhe a jangada.
Uma semana passa e é encontrada
em Maria Farinha, bem distante
e sem nenhum sinal do comandante,
o qual jamais se viu nesta existência:
pela coragem e um tanto de imprudência
foi mais um destemido navegante
de quem ficou a estória conhecida
de lutador que perde cedo a vida!
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