VIAGEM PASSAGEIRA
Porque no decorrer do estio
entre vinhos, palavras
e feixes de luz,
entre vozes de jazz femininas e loucas miragens
eu passo, eu fico, eu busco...
Saindo no frio e deixando o sereno-
Subindo os telhados, mordendo as estrelas, colando pedaços-
Porque à noite revivem as canções eternas - os mudos,
Os surdos do coração, os loucos de espírito...
Porque passar é uma arte tão velha e de prata,
com arma, com flores,
com lágrimas e luas para rifar aos olhos,
porque não tem segredo-
mas tem todos os segredos dos homens,
as vozes, sussurros- cintilantes noites de lua e negro, de luto e gelo,
de altares de árvores- gigantes e rústicas como monstros,
assim, desse modo : como se todos os seres vivos se juntassem
e no seio da Terra
dançassem minuetos de esperança berrando por vida –
assim :
tão simples e complexo como o jogo e a verdade,
a morte e despedida e a alegria de viver,
como tudo que faz um coração
querer,
a Vida disfarça suas pernas de segundos, minutos austeros
e brinca de compassos entre músicas de vento,
devora,
espreita,
estoura e invade – arrasa
e cria, (de noite e de dia)
o vôo e as asas para existir.
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