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Cartas-->Escravismo, sionismo, indianismo, protecionismo, e rancor -- 28/07/2001 - 05:37 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Well, já vou avisando que o tema é polêmico. Se vão me dar laranjadas, eu prefiro da seleta, espremida e sem açúcar, ao natural. E uma folha de hortelã pra dar buquê. Gelo, só duas pedras, bem moídas, claro. Cheers!
Muito bem. Todos a postos?
Eu não agüento mais ouvir falar de holocausto! Toda semana alguém volta a insistir nisso no Caderno 2, na TV e na mídia em geral. Tem até um gaiato, com sotaque de Gardel, que quer um capítulo da história especialmente dedicado a isso. Vai haver PhD em holocausto. Não é possível! Alguém deve ter direito autoral sobre isso, porque a insistência já é abusiva.
Ao manter os pés fincados em algum lugar no passado, cada povo teria um bom quinhão de justiça a reivindicar. E se a moda pega, babau futuro! Matamo-nos aqui mesmo, no presente, e de sobra só os ossos, nem precisamos de guerra nuclear. Morreremos todos de fome, sedentos de perdão.
A humanidade continua não prestando. Ainda formamos um bando de rancorosos, acomodados e mesquinhos, salvo exceções. E não vá pensando que está entre as exceções. Eu falo dos santinhos, aqueles que tinham figurinhas distribuídas nas quermesses de outrora.
Todo mundo quer fazer uma boquinha, faturar um troquinho em cima de alguma besteira feita no passado por outrem. Falta vergonha na cara. Isso só pode ser coisa de advogado de porta de cadeia - viver de carniça, e de vingança.
Mas será que somos todos uns anjos de bondade? Como não sou historiador, nem matemático, a cronologia vai pras picas. Vou misturar tudo no balaio, e sortear, que nem o Silvio Santos.
Os faraós devem ter algum descendente, certo? E aquela tropa, que bebeu água salgada por causa da bengala mágica do Moisés, também deve ter deixado herdeiros. As famílias egípcias, que perderam suas cabecinhas de gado, com a danada da peste que ele provocou, também merecem uma indenização. E os pescadores, que não pegaram mais nem lambari com o rio todo avermelhado? Sem esquecer das famílias que tiveram os primogênitos assassinados. E a correção monetária tem que incluir o período A.C. e D.C.
E a patota do Asterix? Nem a máfia teria liras suficientes para compensar a pentelhação que o Julinho fazia lá na aldeia deles. Eles mal assavam um javali e já tinham que sair em defesa da família.
Napoleão fez estragos consideráveis. Não deve nada ao Alexandre, the Big. Nem tampouco a turma do Big Ben foi exatamente cavalheiresca no trato com a pirataria. Os súditos de Sua (deles) Majestade não deixaram nem um galhinho de pau-brasil pra contar história. Afundaram tudo que vinha pela proa.
Pizarro pintou e bordou pelos Andes, não sobrou nenhum peru para o Natal. Os mouros pintaram e bordaram na Espanha, e ficaram mil e uma noites comendo paella de graça.
A bula papal não teve escrúpulos ao aviar uma receita de sangue para o caminho terrestre até Jerusalém. Eles se matavam, e o santo confrade fazia palavras cruzadas à sombra dos afrescos do Miguel. Nem o colega do Eurico teve muita paciência ao navegar até as Índias.
O Arafat, para cada um que mata, perde três ou quatro. E não há Cristo que os faça sossegar.
O Mao, que de bom não tinha nada, fez sua revolução cultural de uma forma não tão didática. E Stalin enfiou sabugo de milho no rabo de muito camponês.
O piloto do Enola Gay, que de boiola não tinha nada, fez o céu desabar sobre a cabeça da terra do sol nascente, mandado pelo patrão charuteiro.
Dos nossos índios, só sobrou o Juruna com seu cassete. Eles levaram muito cacete da turma do vacalhau e binho. E dos peles-vermelhas, só sobrou uma meia-dúzia, poupados para virar figurantes das comédias do John Wayne.
Nossos amados antepassados tiraram o Castro Alves do sério, ao encher os porões fétidos de suas banheiras com os tataravôs da nossa negritude. E ainda virou samba.
E por aí vai. Ditadores e banqueiros, políticos e guerrilheiros, todos ainda continuam fazendo suas bandalheiras. De maldade, a humanidade está cheia.
Se forem todos a pedir ressarcimento, não há papel-moeda que os pague com decência. Se viverem a relembrar o que já passou, não há futuro que espere com paciência. Se quiserem reivindicar quem mais sofreu, não há consolo que lhes sustente as dores. Se nos pusermos a vingar todos que já morreram, não há vida pela frente. Se nos sacrificarmos com o ranço da lembrança, vamos todos acabar com a cabeça cheia e o coração vazio.
Não há povo que possa requerer o monopólio da maldade, e muito menos o da bondade.
Tão fácil seria colocar uma pedra sobre isso tudo, e deixar sobreviver apenas as magníficas diferenças de cada raça, os folclores de cada povo, as músicas, as danças. E, desde hoje, deixar atrás do longínquo futuro um rastro de esperança.
Melhor seria todos enfiarmos uma mão no bolso, a outra na consciência, e sairmos pro abraço.
- Alô, alô, seu Chacrinha!
- Atire a primeira pedra, iá, iá! Aquele que não sofreu por amor!
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