402 usuários online |
| |
|
Poesias-->SIMPLESMENTE ISSO -- 30/10/2006 - 11:02 (Délcio Vieira Salomon) |
|
|
| |
SIMPLESMENTE ISSO
a José Renato
em † 19.11.99
amigo há 30 anos
dos 54 que viveu
Amigo, foste hoje e para sempre
e não me avisaste!
Esqueceste do compromisso selado
apesar da farsa nele embutida
legítimo pacto de sangue dissimulado...
Cobro-o agora
como dívida intransferida:
- quero saber como se dá a passagem
do ser para o nada ...
de tua alegria ... tua risada
cujo eco nos deixaste
para a mudez a que foste
eternamente condenado
de tua inquietude
sem dúvida tua grande virtude
marcada de projetos
de vida e realizações
para o repentino silêncio
em que repousas agora...
- É verdade que o tempo
desemboca na eternidade
pela porta da morte?
Não me respondes?
então é como em vida:
- se calas, consentes!?
Perdoa-me a confissão:
Invejo-te
por aqui não estares mais.
Sei que é duro dizer
porém mais duro
é suportar este momento
sem o declarar:
- invejo a todos os mortos
são superiores a todos nós!
Só a eles foi revelado
o mistério da vida.
Nós neste vale de tormento
apenas somos
interrogações.
É terrível sei disso
mas foi Antero de Quental
(que por ironia se matou
junto ao muro de um convento chamado Esperança)
quem o disse:
"dormirei no teu seio inalterável...
ó morte, libertadora inviolável!"
Amigo, se o tempo ainda existe para ti
volta apenas para dizer-me:
- sim
simplesmente isso
|
|