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Poesias-->Revê-las -- 25/10/2006 - 11:17 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952248629528400
Acreditar que essa mulher um dia fora jovem e criança

Que aconteceu com sua vivacidade fabricada pelo sal ?

Quem se apossou da primavera agora tão passada ?

Quem a fez serva dos atributos da coca ?

Talvez tenham lhe dito demasiadas vezes

Que deveria sucumbir às solicitações do PCC

Ao desenvolvimento de uma suposta vitalidade. Artificial

Do capitalismo selvagem à moda de São Paulo

Cidade comando do PSDB

Ela acreditou. Não lhe disseram que a

Fonte da juventude está em confiar que ela existe

Dentro de si. Não parar de buscar

Essa verdade solar de que o espírito é imortal

Não lhe disseram que deveria ser mais

Que uma muleta para seus anciãos da política

Negou seus interesses pertinentes

Provaram-lhe por “A” mais “B”

Que deveria fazer parte de suas rugas

Adubar as raízes negras

Tiraram dela a esperança

Do que não fosse parte elementar de suas pregas

Educada para ser uma boa menina, a bola da vez

Dos interesses mais bregas

A grana e o delírio sendo tudo

A espiritualidade não era mais que uma ilusão

Porque o medo de ficar sozinha, carente e cafona

Fez dela uma devota da timidez afetada

De suas preces, e regras de marafona

Aceitasse calada essa herança

Ela, a filha tolerada, depois das outras

Queridas e amadas

Garantiram-lhe essa “traumatologia"

Cresceram nela as teias de aranha da vida

Tomaram conta de seu coração

O pulsar do fuxico e do boato

Ela aceitou como se fosse uma oração

Seu corpo envelheceu precoce e a mente

Desacreditou que a juventude a habitava

No andar de cima, janela dos fundos

A célula do prazer pereceu antes de ter brotado

E o céu, com o tempo

Virou uma paisagem 100 estrelas

Temeu expor-se ao sol

Ao invés de fonte de luz e calor

Ela passou a viver acreditando

Na suposta sabedoria de seu avô

E os outros, aqueles a quem o medo, e a gravidade

Pegaram-na pela mão e a conduziram à catacumba

Hoje, esse tempo agora, depois

De que valem suas palavras insanas

Que apenas a si mesma encanta ?

Cercada pela prole de anjos barrocos

Não mais investe na dureza da bunda

Nem na repressão fanática das crianças

Ou na vaidade das dietas góticas, rotundas

Ou ficar olhando as memórias como de costume

Em busca do tempo perdido, afunda

Seu coração é como o vagalume

Acende, apaga, estressada e calma

Precisa das trevas para brilhar

De tanto achar seus anjinhos bonitos

Nem notou ser agora uma mulher de betume

Armada de defesas até a alma

Como se esperasse de uma hora para outra

Um ataque do Bin-Laden

Uma invasão de mentirass do Bush

Tudo nela tende ao azedume

Ao revê-la hoje lembrei

De suas antigas certezas de cartas

De seus castelos de areia

Que o vento levou e se desfez no nada

Ao impacto dessa onda

(de lágrimas talvez)

Ela não mais é aquela pessoa cheia de certezas

E me implora socorro com seus olhos de mágoa

Que posso fazer por ela ?

Estender-lhe a mão e dizer

Como há algumas décadas, tão idas

“Vem comigo”. Ela correu em direção diversa

Arrumou-se sob as asas sombrias do anjo torto

De que falava Drummond

Seus olhos imploravam

para que fizesse voltar o tempo

E ela pudesse pegar minha mão

Ter acreditado na providência

Somente o acaso é pleno de possibilidades.

E a solidão, querida

Vestida de branca num horizonte de blue

Aonde a própria morte não é mais

Que um curto-circuito de faísca azul

Mas o abismo a havia ferido

Antes que tivesse nascido

O tempo do aprendizado se esvaiu

O futuro havia se exaurido dentre dedos

Como água de cachoeira

As rezas, as missas, os terços. Lançou tudo

Como um presente na mão do carcereiro.

A família, o marido, a descendência:

O grande nada e o senhor ninguém

Fora obra do azar ou de seu consorte?

O ar que respira zomba dela

Nenhuma mão para acariciá-la

Nenhum gesto de ternura a abraça

Senão a fera da solidão

Nenhuma palavra de verdade

Vestida em seu manto púrpura

Sente que devoraram sua carne

E a entregaram às chamas frias

Ao delírio de ter da multidão

À eterna noite da turba violeta

Antes de dormir, leu no livro

De sua memória, suas lamentações

Jazem por terra, nas ruas

Meninos e meninas idosos

João, Flávio, Pedro, Pitty, Rita e Maria

Caíram sob a espada desse tempo de ira

Cedo demais carentes de perfumarias

Havia acreditado em outra coisa

Não sabe ao certo no que era

E agora esses terrores a cercam

Convocados como se num dia de festa

Dos seus, quem poderia ser poupado ?

Os que criou e educou

Foram exterminados por uma cultura

Globalizada pela dominação do obsoleto

Afinal, que mulher está preparada para a lida ?

Que esposa e mãe conhece o marido e os filhos

Essa descendência pertence a quem ? Ao vento ?

O pai é o senhor computador, a mãe, a senhora tv

Ela, apenas um nome na areia

Nascida para o pó do esquecimento

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