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Poesias-->S/A do Pânico (Versos ditirâmbicos) -- 25/10/2006 - 11:10 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952248452873400
“Meu amor me ensinou a ser simples/

como um largo de igreja/

onde não há nem um sino/

nem um lápis/nenhuma sensualidade.”

(Oswald de Andrade)



Uma alegria fugaz para usar todo dia

Sem mistérios, sem tempo perdido para buscar

Outra maneira de ficar atento

Depois, a prateleira do supermercado

Fazer a feira na festa do ap.

Pode ter certeza não vai faltar brilho

Nem conversas sobre a pátria das chuteiras

Birita ou bundalelê

Nem tampouco papel higiênico

Não haverá mais tédio

Depois da epidemia do carnaval

Você terá mudado pouco

Melhorado o seu talento

Valeu em parte ter limpado

Na falta de toalhas de papel

A mesa do rango com papel higiênico

Deixa sangrar sua tpm

Deixe estar. Estar na eme

Fale um pouco desse seu discurso brega

Da engrenagem mental da armadilha

Como se amar fosse se refugiar

Numa viagem cega numa ilha

Produza algo de inusitado

Um “insight” nesse arquipélago de nãos

Ligue seu Pentium Quatro

Espante a fera da solidão

Ponha a água do chá no fogo

Invista no molho do feijão

Beba um cale-se de vinho faça um espaguete

Invista na cultura do forno e do fogão

Navegue no Titanic Internet

Como último recurso de fugir

Da fera da solidão

Ah ! Aquele sentimento oceânico

Há seu semblante lúdico e musical

Com trilha sonora de neon branco

Você com aquele sapatão de salto grosso

Assumindo seus ares de bacana, manca

Caminhando pelo calçadão de carne

Em oferta nos bares da av. Compracabana

Você só quer uma noite de cama

Depois de encarar uma trilha de arsênico

Roçar seu umbigo no meu braço

Seu quadril: o signo do signo da Balança

Olhos de ressaca, Capitu e Madona

Nada de mal nos alcança

Você, seu jeito de fragmento fotogênico

Na falta de guardanapos de papel

Só, só precisas de um

pedaço de papel higiênico

Café da manhã, merenda, lanche, almoço

Acho o máximo essa cara de anjo torto, insone

Cantada no atalho das músicas

Desfrutada pelas sete vidas

Do canil cafona dos Rolling Stones

Ah, esse seu espaço cênico

Onde você morre de preguiça

Macunaíma circula em seu sangue ancestral

Sua distração, seu lanche, o arroz tropeiro

Sua atenção plugada nesse espaço cênico

Na cidade de carne de seu corpo

O corcel do desejo cavalga pênsil

Nada nos há de faltar

Nada de mal nos alcança

Sagrado pedaço de papel higiênico

O banho ao levantar

Esqueci de lhe ajudar

A passar o sabonete no pentelho

Exato no triângulo de cabelos

Pintados de ouro e de branco

No alto límbico dos grandes lábios

Limpo no canto de sua boca

Aquele mel azedo que pinga de seu queixo santo

Um pedaço de baba esquizofrênico

Eu faço sua foto desenhada

Desse buquê surreal de sardas, faço poesia

Para você, minha musa de papel higiênico

Não posso dizer que no escuro

Vi em você aquela lágrima que não se vê

Ou você me chama, me chama

Ou a rotina pega você pelo pé

Seu calcanhar de Aquiles tingido, helênico

Com o sangue menstrual da mulher

Suas contas a pagar, suas rotinas helênicas

Sua televisão ligada na história

Na Ilíada do papel higiênico

Suas idéias avançaram

Você teve uma única na vida ?

Sua entropia está em curso

Você desfilou vestida de pele de raposa, de foca

Ou na pele do príncipe urso ?

Seus sonhos encantados

há muito estão de cócoras

Seus passos caminhando na chuva

Sua sala de jantar quântica

Seus filhos enlatados

Sua casa na praia em Ubachuva

Você nem ousa pensar em voar como a Fênix

Você está mais pesada que a Wilsa Carla

Desfilando na praia do Coqueiro

Você se dirige firme ao banheiro

Toda segura de si

A segurar o pedaço de papel higiênico

O novo dia chegou

O novo que você teme

O samba que você não dança

A dança que você não sente

Seus filhos, educados pelo controle remoto

Por uma notícia súbita, um pé de vento

As idéias e a cultura, passem bem

Tudo se limpa bem demais

Os restos mortais do rancho de ontem

Basta um pedaço de papel higiênico

A tv higienizou seus hábitos

O hábito faz o monge?

Não se afobe, nem entre em pânico

Sua síndrome você limpa de perto, de longe

Purifica a cara com pó de arroz

Com o batom das mulheres de Atenas

Uma vez dentro do banheiro

Com certeza não vai faltar

Em todos os esportes olímpicos

O sucesso mais espetacular

O corre-corre atrás do dinheiro

O recorde do atleta cínico

Dirigindo-se apressado ao banheiro

Em busca da salvação

Num pedaço de papel higiênico

Que bom que houve a maçã

No paraíso perdido da Grécia

E que as medalhas de ouro

Dos atletas que riem no fim

Todos tinham algo por que lutar

Nem que seja pensando assim

Um desafio a visualizar

Eles têm medo de que o suor e todo esse cansaço

Não seja afinal suficiente

E o Titanic de seus esforços

Redundem numa beleza incoerente

Quando a noite vier e restar apenas

Um pedaço de sanidade

Preso ao papel higiênico

Por favor, não higienize meus hábitos

Mantenha sempre no lugar sua lira e o seu arco

Aonde você se esconde?

Entre os sais e as panelas do quarto ?

Que algo mais se preserve de você

Que não seja apenas os ésteres

Das estrias de seus bibelôs

E da arte de engolir sapos

Que uma mágica qualquer te preserve

De renovar essa sua disposição

Para ser companheira íntima dos ácaros

Você leu um livro este ano ?

Depois da Micarina tudo voltou ao norma l?

A sala de jantar, o deserto dos tártaros

Você embargou noutro par ?

Num outro desejo autêntico

Entrou no carro foi ao trabalho, foi estudar ?

Escondeu-se do sol esperançosa e feliz ?

Como uma atriz de Celebridades Belíssimas

Com hora marcada no celular

Da sensualidade da cidade de carne

Verde-amarela, como uma flor medrosa, arisca

Na lipoaspiração do papel higiênico

Com esse seu sorriso de pagode

Artificial e mecânico como

Uma entrevista de jogador de futebol

De misse Brasil 2006

Você sacode a poeira da folia

E embarca como um peixe

De boca no próximo anzol

Na grana do próximo freguês

E o mundo existe como se fosse para você

Seu coração, um bloco de gelo autêntico

Pulsa. Seu pulso ainda pulsa

E sua mão segura esperançosa, automatizada

Um pedaço da cidade em seu apartamento

Um naco globalizado

Comprado no supermercado

De seu papel higiênico

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