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Poesias-->Corrupção de Menor -- 25/10/2006 - 11:00 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952248331618900
CORRUPÇÃO DE MENOR

O professor ensina gramática

Numa turma de adolescentes traumáticas

Uma gosta de mela com maconha

Outra, de pelotas de "crack"

Fulana, filha de mamãe pamonha

Beltrana, amante de Zezim do pó

Que querem elas aprender ?

Todo sujeito deseja delas apenas o objeto direto

Querem mesmo saber ? Quem sabe ?

Têm a idade da sedução

Nenhuma acredita em milagres

Exceto o da festa do apartamento

Latino com muito bundalelê

Sabem no fundo do inexistente coração

Que dessa madrasta sociedade

Herdaram apenas o muro da vergonha

A sina do colo mecanizado das pessoas de proveta

Que Drummond poetizou

Garotas, discentes dos projetos

Do futuro. Como aquele Carlos conseguiu

Inserir um pouco de lirismo

Na mecânica orgânica das atividades diárias

Pavlovinianas, de vocês ?

Predicados do objeto direto

Anjos tortos de pró-gramas

Nas sombras e nos cursos

Que fazem numa sala de aula

Vocês, que nasceram para estrelas ?

Senão fazer de conta que têm outra coisa a aprender

Que não seja engatinhar na maionese ?

Hoje é festa lá no meu ap.

Vai ter dramas e bundalelê

E se a camisinha "ploft" ! Que fazer ?

No auge do "vamos ver" ?

Quem vai de primeira pessoa pronominal?

Com quem ou de quem se fala ?

Quem vai se responsabilizar pela carência dessa escolha ?

Dessa escola, desse feto, dessa escória ?

Que "Pra Lamento" vai tirá-la do relento ?

Que leis do Supremo vai livrá-la do PCC ?

Ou visitá-la nessa coma, nessa cama de Kaposi ?

Como aprender outra gramática

Senão as das coxas fogosas ?

A mente limpa de "coisas sujas"

Ao invés de leituras e idéias

É um anjo limpo de bactérias, fungos, vírus

Protozoários, células cancerosas

Não houve tempo para a leitura de nenhum livro

Exceto os do currículo

Quantas infecções e ferimentos

Contaminaram seu corpo e sua alma

Adolescente com uma educação cromagnon ?

Você sonha chegar o dia fortuito

De sair dessa prisão de ventre

Em busca do tempo perdido

Tão proustiano, tão distante, tão ausente

Ela que se orgulhava dessa escola tão passada

Onde nada lhe faltava em ilusão e esperança

Agora, finalmente sabe

Lhe terá sobrado apenas dor, dor e dor ?

Você estará preparada

Para esse dia que virá

Em Busca do Tempo Perdido?

(Ninguém nunca está)

Você dormiu em berço esplêndido todo esse tempo

Agora a contaminação do feto

Por essa infecção terminal

Ou você casou com o príncipe encantado

E é feliz professora de gramática normativa ?

Seu salário é de quantos mil réis ?

Seus alunos aprenderam o acento circunflexo

Em casa ou na escola, com você

De que vão te adiantar

As teorias de Noam Chomsky ?

A lingüística da Escola de Praga

O Massachusetts Institute of Technology ?

Você talvez correrá

(Se lhe restar alguma disposição)

Em Busca do Tempo Perdido

Talvez só sobre o ódio como herança

Mas você sozinha, com duas ou três companheirinhas

Não conseguirão dinamitar

Como diria Drummond, a Ilha de Manahatan

A inconsciência não mais estimulante

De trabalhar sem alegria para a educação

De crianças para um mundo caduco

Suas aulas em classe não incluem nenhum exemplo

Terás fome de consumo, falta de dinheiro e desejo sexual

Que mais poderias querer

Um estado policial que socorra tuas ausências ?

Quem se importará com tuas demandas

As crianças traídas ? As bibliotecas que não freqüentaste

Por que já sabias de tudo, eras dona do conhecimento

Do léxico e do vocabulário adolescente

Orgulhavas-te de uma academia

Que parou no tempo passado

Do anacronismo de seu professorado

Do "saber" que orgulhosamente

"ensinavas" às crianças traídas.

No processo covarde de seduzir sua turma

O jejum da cidadania. Afinal querias mais colar grau ?

Vais passar a vida de professora

Subindo e descendo as repartições

Das burocracias do eleva dor

E eu afirmo: mereces essa rotina assassina

O votar nos políticos

E seus associados, os banqueiros de rapina

Que fazem da educação e da cultura desse país

Essa pátria das chuteiras

Com seu carnaval de bonecas.

— Ninguém merece ?

— Você merece. Você aceita !

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