Ninguém lembra quando começou a prática que se consagrou como costume.
Sempre que alguém muito importante visitava a escola, o mestre-sala conduzia a porta-bandeira e ela aproximava o estandarte da figura ilustre.
Em sinal de respeito, o visitante beijava o símbolo da escola.
Quando os desfiles passaram para a Presidente Vargas, as autoridades começaram a frequentá-los, afinal não deixava de ser uma boa forma de caçar votos.
O governador da Guanabara compareceu ao desfile.
Na vez do Império Serrano, por orientação do Diretor da escola, o casal levou a bandeira até o governador que, ignorante quanto aos costumes do povo, nada fez.
A platéia gritava: - beija! beija!
E nada de o governador entender.
Canelinha, o grande Canelinha, rodopiou, conduziu a porta-bandeira de tal forma que a bandeira roçou a boca do governador.
A platéia delirou.
Décadas depois, eu sempre me deliciava com o brilho dos olhos e o sorriso tímido de Canelinha toda vez que alguém lembrava a façanha.
Manoel Carlos Pinheiro
http://www.agrestino.blogger.com.br/index.html