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Contos-->TRAIÇÃO -- 23/09/2005 - 21:06 (Maria Jose Zanini Tauil) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

De repente, o céu enegreceu, o rubro sol se apagou. Breve, ouviu-se o galope da tempestade nas nuvens rasgadas. Em menos de meia-hora, o chão estava escavado pela torrente. O vento sibilava. Do sétimo andar de um prédio, uma mulher a tudo assistia, através da vidraça. Ela esperava um homem.

Sua face também se inundava da tempestade interior. A dor apunhala, dilacera o peito, sangra a alma. A solidão grita dentro de si, como as trovões lá de fora. É a pálida sombra de uma formosa mulher.

A cama está desfeita, há roupas e papéis espalhados pelo chão. Na mesinha de cabeceira, dormem seus poetas Dante, Byron e a bíblia.Sobre a última, um papel amassado, um teste de DNA comprovando a paternidade. De um porta-retratos quebrado, ao chão, ainda se identifica um casal sorrindo feliz.

Vânia não pôde ter filhos com Toni, mas eram muito felizes, se bastavam...pelo menos, era o que pensava até então.

Um dia, uma mulher desesperada, bateu à porta. O filho estava prestes a morrer. Precisava de um rim compatível para transplante. Veio em busca do pai. A criança tinha sete anos. Eles tinham dez de casados mais dois de namoro e noivado.

Toni ficou insensível aos apelos daquela mulher. Negou a paternidade, negou conhecê-la, chamou-a de louca. A tranqüilidade do marido fez com que Vânia confiasse.

Num domingo, aparando os cabelos de Toni, no banheiro, uma idéia foi criando corpo em sua mente. Mandar um pouco de cabelo para o DNA. Teve vergonha de pensar nisso, mas ao limpar o chão, recolheu amostras, colocou num envelope e guardou-o no fundo da gaveta de calcinhas. Várias vezes olhou aquele envelope e algo lhe dizia para conservá-lo.

Uma tarde, seguraram seu braço numa loja de departamentos. Era aquela mulher.
Seu rosto sofrido trazia marcas profundas. Entre lágrimas, disse que o filho morreu no dia seguinte. Vânia perguntou-lhe se chegou a encontrar o pai verdadeiro. Num sorriso irônico e amargurado, ela disse que sim, mas que não adiantaria mais nada e que ele não se importou. Vânia pediu seu telefone e se despediram.

Por dias, aquela idéia não saía de sua cabeça. Só pensava naquela mulher. Aproveitou uma viagem de Toni, a negócios e ligou. Perguntou se tinha os exames do menino, cabelos, algo que comprovasse a paternidade. Ela respondeu que o hospital universitário ficou com amostras de sangue para estudo daquela doença. Dali para o teste, um pulo.Recebeu naquela manhã, por fax, o resultado positivo, antes que a luz acabasse, devido ao aguaceiro....

E ela ali, rosto colado à vidraça. Olha para o céu e parece ver um Deus irado, derramando seu brado em forma de chuva. Ao clarear do relâmpago, ela fecha os olhos e deixa escapar um soluço...O quarto em penumbra e num canto, bem perto da porta, quatro malas à espera do dono.
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