SINFONIA PRA VIOLINO SEM ORQUESTRA
Tereza da Praia
"aquilo que a memória ama fica eterno" ( Adélia Prado)
Levada pelos ventos da mudança,
Ensaio novo passo, para uma dança.
O silêncio me dá resposta assertiva.
Não preciso gastar minha saliva,
Ninguém virá me ajudar a viver
Não tenho ninguém a quem recorrer.
Eu sabia, mas não queria conformar-me.
Findo o sonho, só resta confortar-me.
Ninguém vai chegar, não há esperança.
A porta está fechada, só há lembrança.
O amor passou sem compromisso marcado.
Não disse se voltava, não deixou recado.
Passou tocando-me como chuva de verão,
Suave como a brisa, murmurando uma canção.
Deixou graça, pôs tempero, uma insanidade.
Deixou-me descontrolada, suspirando de felicidade.
Talvez porque tenha sido tão intenso.
Como o mar, tenha sido tão imenso,
Ficou na memória, como momento eterno
E por tudo isto, vivo hoje o meu inferno.
Violino solo, numa sinfonia sem orquestra
No mundo do nada, só a vida como mestra.
Tereza da Praia
Séria: Fera ferida, ou um mar que espera
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