O FANTASMA DA ÓPERA
Temer o amor é temer a vida, e os que temem a vida já estão meio mortos."
Bertrand Russell
Tereza da Praia
Eu poderia me vestir de Carmem, a Cigana.;
Ou Aída, a amiga. Talvez Ilara, a índia.
Quem sabe vestir-me com aquela fulana
A quem Beethoven denominou "Minha Amada Imortal”
E sobre ela guardou segredo por todos anos e dia
Que nem seus biógrafos descobriram, era confidencial.
É, eu poderia...
O fantasma da ópera, porem, veste-me bem melhor.
Após os aplausos, terminado o espetáculo,
Apagadas as luzes, no teatro escuro,
Sem obstáculo, escuto!
Escuto-te e respondo-te, vida!
Eu, o fantasma, que te ouve e te sente.
Que conhece o teu pulsar
Que advinha o teu medo de amar.
Quando o espetáculo termina,
Cai o pano, fecha-se a cortina,
Sei a dor que te domina,
Não é uma dor de menino
É dor de homem sofrido
Que dá um calado gemido
Por que já nem pode sonhar.
Escutam-te, junto comigo,
Os ratos e as lagartixas,
O vira-latas que pra mim cochicha
A existência de almas que habitam
Esta tua indômita solidão.
Além do mais, minha vida,
No palco do teu teatro, há um ator,
Que representa tão bem o papel
Que chega fingir que é dor violenta
A dor que deveras inventa
E assim gira a roda cruel,
Enganando a razão desatenta
Vivendo do amor desilusões e tormentas
Que na verdade não sente, acalenta!
Tereza da Praia
Cenas Insanas.
Formatação: Leny Silva
|