É, talvez, o grande mal da humanidade: reconhecer seus grandes valores depois de mortos... E vangloriam-se da grandeza de quem não reconheceram em vida...
Vejam como um poeta pode “captar” o sentimento de outro, falando por ele:
Notinha elucidativa:
As repetições (enfáticas) ma introdução acima são propositais.
É necessário que isso se explique, por causa dos “pseudo-intelectos” que ousam “parafrasear” a outros, achando que sua imbecil forma de escrever fica “melhorzinha”. O que me faz rir um bocado, diante de tamanha inocência... Puft!
(Milene Arder)
“Psicografia Poética de Camões”
Não sou um tempo
Ou uma cidade extinta.
Civilizei a língua
e foi posta em cada verso.
E à fome condenaram-me
os perversos e alguns
dos poderosos. Amei
a pátria injustamente
cega, como eu, num
dos olhos. E não pôde
ver-me enquanto vivo.
Regressarei a ela
com os ossos de meu sonho
precavido? E o idioma
não passa de um poema
salvo de espuma
e igual a mim, bebido
pelo sol de um país
que me desterra. E agora
me ergue no Convento
dos Jerônimos o túmulo,
quando não morri.
Não morrerei, não
Quero mais morrer.
Nem sou cativo ou mendigo
de uma pátria. Mas da língua
que me conhece e espera.
E a razão que não me dais,
eu crio. Jamais pensei
ser pai de tantos filhos.