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Poesias-->Salvem a Professorinha -- 05/10/2006 - 22:22 (Tereza da Praia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Salvem a Professorinha



Tereza da Praia







No tempo que papai Noel,



Voava a jato pelo céu,



Eu andava aqui em baixo,



Na terra, no pó da estrada.



Papai Noel não aterrissava



Em minha janela.



Naquele tempo eu sonhava



Poder viajar de avião...



Meu Deus, como eu sonhava!...



O meu menino coração



Tecia tantas ilusões.



Queria ser aeromoça,



Para não ter porto ou aeroporto.



Voar... Voar...



Tempo das elites,



Acesso à educação era pra poucos...



Para alguns pobres de pais loucos,



Sonhadores visionários.



Viajar de avião era coisa pra milionários.



Tenho saudades, não.



Ser aeromoça...



Não era questão de competência



Carecia ter boa aparência



Que se confundia com beleza...



Coitada de Tereza!



Era preciso ter altura,



Boa postura,



Um olhar de ternura,



Mão de candura,



Voz de doçura



Longínqua ilusão



Para a baixinha nordestina



Cara de lua cheia,



Voz de taquara rachada.



Mesmo assim eu sonhava..



Como sonhava!



As aeromoças, como as invejava!



Da livraria em que eu trabalhava,



As via chegar ao Hotel Nacional.



Lindas, sem enxovalhos,



Roupas impecáveis,



Ares celestiais.



Algumas às vezes me cumprimentavam



E pediam sugestão de leitura



Eu indicava Adelaide e Cassandra.



Tão perfeitas, pareciam pintura.



Nenhuma negra, ou mulata.



Só fadas, nenhuma salamandra.



A maioria loira, rosto ovalado,



Sem cometer pecado,



Pareciam a mãe de Deus.



Não é à toa que Belchior



Por medo de avião



Quis pegar na mão de um delas.



Tinham uma arrogância longilínea.



Uma simpatia esguia,



Não andavam, pairavam no ar.



Feito garças.



Eu, que mais parecia



As mulheres de Renoir,



As admirava.



Sonhava e Sonhava...



Mas nem com madrinha fada



Havia possibilidade de nada.



Mudaram-se os sonhos,



Meus pés tocaram o chão



Sonhos impossíveis tornam-se pesadelos.



Mudei a cor dos cabelos,



Não cultuo aqueles modelos.



Antes pareciam anjos,



Hoje, humanas choram.



Têm medo do desemprego.



Vou-lhes contar um segredo



Não tenho saudade daquele Brasil



Nem por aquele tempo tenho apego.



Tantos eram os excluídos



Tão escassas as oportunidades,



A luta era tão desigual



Eram tantas as diferenças



Parece-me que o resultado



É só a recompensa,



Da má gestão do patrão.



Podem tomar-me como ingênua,



Mas não consigo conceber,



Usar o público poder,



Pra comprar muletas,



Encobrir as mutretas



De empresário esperto.



Ele, o papai Noel,



De jato vai continuar em céu aberto.



Admitir a ajuda governamental,



É praticar a política fatal



De privatizar o lucro.



O prejuízo socializar,



Inconcebível na economia liberal.



Se é pra fazer movimento,



Eu faço um requerimento



Cuidem da educação,



Salvem a professorinha,



E deixem de ladainha.

















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