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Contos-->Pequenos anarquistas - conto IV - Cinema -- 16/09/2005 - 00:51 (Marco Túlio de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cinema - Cine Regina


Este sim todo mundo tem historia para contar.
O prédio esplendoroso.
Na porta, baleiro, porteiro e juizado de menores.
Aos domingos, sessão das duas (para crianças),
sessão das quatro (dos jovens),
sessão das 7.45 hs para os mais velhos.
Inclusive nos dias de semana, filme de mulher pelada.
Vou falar algumas coisas da sessão das quatro porque era a sessão que os meninos
da minha idade mais freqüentavam.
Na porta, meninos trocando figurinhas e jogando tampão. Eu, particularmente não
fazia isto, pois, só tinha dinheiro para o cinema e quando tinha era para
comprar bala para a namorada. Entravamos e sentávamos.
Os meninos numa fileira e as meninas na outra.
Depois trocávamos de lugar, pois, chegavam alguns pombos correios e diziam;
tem uma menina que quer sentar com você ou vice-versa.
Ai, sentávamos ao lado das meninas,
alguns para mostrar que estavam namorando a menina, davam-lhe umas gravatas
no pescoço e nem olhavam pro lado , outros arriscavam um beijo de lado e outros não
sabiam nem beijar.
Ai ficavam parecendo dois sapos se beijando. Tínhamos sinais,
quando um beijava pisava forte ou então batia na cadeira, às vezes era tudo mentira.
Não tinham nem pegado na mão
e lá fora contavam glórias que beijaram e passaram a mão.
Tinha dia, que, ninguém ficava com ninguém. Porque éramos fieis aos companheiros,
se uma menina terminava o namoro ou não queria ficar com alguém todos éramos solidários ninguém ficava com ninguém.
Quando abria as cortinas era uma gritaria danada.
Começava a fita com aquele Jornal da Ditadura, mostrando tratores na Transamazônica arrancando árvores, destruindo tudo e o Presidente do Brasil e seus puxa-sacos
na frente e a música de fundo“este é um país que vai prá frente”.
Mas como nós éramos totalmente alienados a aquilo, nem ligávamos, e, eu acho que até gostávamos.
Depois, vinha o que nós mais gostávamos.
Quando o fundo musical era “Tan, Tan, Tan, Tan, Tan” era porque vinha os clássicos de futebol. “Canal 100”.
Vasco e Botafogo, Fla x Flu,
Seleção Brasileira, ai era um delírio total.
Ai, vinha o filme.
Quando aparecia o “Condor” da empresa de cinema, a meninada começava a tocar o bicho, outros assobiavam.
Chegava o lanterninha, pagava uma e queria por todo mundo para fora,
ficávamos quietos e quando ele menos esperava começava a bagunça de novo.
De vez em quando, ele vinha para ver se a gente estava de mão dada ou abraçado com alguma menina, mas antes dele chegar, alguém já dava o alerta, batendo em uma cadeira ou dando um assobio.
Acabava o filme, meninas para uma lado e meninos para outro e ninguém
de mão dada, era como se nada tivesse acontecido.
Éramos loucos para entrar na sessão das 7.45 Hs. Para ver mulher pelada.
Tentávamos fingir que éramos de maior, mas tínhamos carteirinha
do Juizado de Menores.
A primeira vez que eu entrei nesta sessão foi com o meu amigo
Tuca (grandão) e eu baixinho, mas o Juizado achava que ele era
mais velho que eu pelo tamanho gritante é claro, mas era o contrário.
Ele não precisava mostrar o documento de maior, e o Juizado me dava a
maior geral.
O filme “Máquinas Quentes”. Sentamos e ficamos esperando o quê?
Mulher pelada é claro. Até rolou umas transas, mas na hora do bem bão
a cena mudava.
Esqueci de mencionar uma coisa muito importante.
Quando a fita arrebentava, ai era uma zona total,
acendiam as luzes e todos ficavam comportados.
Outra coisa o Cine Regina tinha a galera da galeria.

Autor: Marco Túlio de Souza
Todos os direitos reservados ao autor.
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