AUTO-RETRATO
Se um dia alguém quiser saber quem sou,
Desvendar os mistérios que assombram meu passado,
Descobrir os mais ínfimos segredos que tenho guardados,
Conhecer os meus amores... quem eu amei e quem me amou,
Conquanto que de minha vida, muito pouco tenho falado.
Se perguntarem sobre meus sonhos não realizados,
As chagas que trago em meu íntimo , as feridas
Que não consegui curar, as que eu pude amenizar.
Talvez o silêncio seja a resposta mais adequada,
Pois nem eu mesma sei os rumos que tomaram minha vida!
Sou uma incógnita errante, incoerente, misteriosa,
Sou forte como uma montanha que não foge e vai à luta.
Porém... às vezes sou tão pequena, tão frágil e temerosa,
Sou tão contraditória, que por vezes até me assusta,
Mas, ao mesmo tempo, constato a minha índole generosa!
Sou um ser quiçá triste, meiga, alegre, intransigente,
Sou criança, irresponsável, pura, ingênua e caprichosa.
Sou alguém que nada sabe, meio vazia e inconsequente
Que não suporta algemas e não me prendo a correntes.
Sou mulher adulta, sou franca, sagaz e maliciosa
Embora esta incoerência seja meu ritual no mundo,
Vivo errante, buscando algo que me mostre uma saída.
Que me permita sair do escuro, deste dilema profundo,
Que não me deixe afundar em dúvidas e por um segundo,
Eu tenha a resposta correta para o verdadeiro sentido da vida!
Milla Pereira
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