Aos exímios Cordelistas brasileiros, pelo seu manancial imenso de verbo em consanguíneo cantochão das gentes e das largas terras do magnífico Brasil, dedico-lhes um poema que alude à mais divina das loas do "canto-povo" de Portugal: Amália Rodrigues. Outrossim, este trabalho impende a ideia sobre os 220 milhões de lusófonos na actualidade terrestre. Salvé Lusitanidade!
de corpo em cantochão
trago-te acesa comigo
para ver na escuridão
a luz e sonhar contigo!
punha as palavras na voz
e desenhava com elas
as flores do sentimento
no rosto de todos nós
de lágrimas em águarelas
o céu via-se por dentro
toda a dor tinha uma asa
de gaivota marinheira
sobre o mar em tempestade
e o amor sonhava a casa
para sentar-se à lareira
a aquecer a saudade
os olhos e os ouvidos
desfraldados como velas
enfunadas pelo vento
soltavam-se embevecidos
até ao cais das estrelas
do outro lado do tempo
era Fado... dava Fado...
teimando na descoberta
de mais um Fado além
e de recado em recado
deixou-nos a porta aberta
aos fados que o Fado tem!
ai... guitarra os teus gemidos
dão agora novos fados
à voz dos cinco sentidos
dos portugueses unidos
e pelo mundo espalhados...