Do teu adeus farei saudades
Irei do outro lado do mundo
E se preciso odes bascas farei
Traçarei novos rumos
Em turnos ritmados e agudos
Desnudarei o universo
Mas te trarei para esta Ilha
Do teu adeus tomarei beldades
Purgarei sem destino avulso
E se correto a gaia domarei
A construir altos atros belos
Em belas pedras e maciços
Aplacarei teus remorsos
E tua nudez será minha
Do teu adeus guiarei verdades
Te elevar em frêmito impulso
Do mar a ti tudo darei
Outras seivas, licores e frutos
Nunca mais ficarás em apuros
Com tantos prazeres divinos
Desse amor que te pilha
Toma a minha destra e embarque nessa nau escura para o bom da vida!
***
... Mas o Cruzeiro do Sul!
Maria Petronilho
No longe, entrevejo a Ilha:
Tem no porto ancorada
Uma bela nau, que brilha
De vela desarvorada!
Mas, Cabo da Boa Esperança
Adamastor anda à solta
E é tão funda esta água!
Aceno do Cabo da Roca,
Aquele onde a terra acaba....
Hasteio um lenço bordado,
Que trago sempre comigo
Para acobertar meu choro
Debruço-me no abismo
Mas é tão longo e tão escuro
O horizonte perdido!
O sol que roda no céu
Traz-me na luz teu apelo
E a lua leva a resposta
Mas o Cruzeiro do Sul
Não se move no céu nunca!