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Poesias-->O DATILÓGRAFO -- 05/09/2006 - 19:53 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O DATILÓGRAFO



Délcio Vieira Salomon



Em 24 - 09 - 87



ela se queixou que precisava

de um datilógrafo, logo a mim

que tanto a admirava







Deixe-me ser seu datilógrafo.

Assim, ao menos

sob o pretexto

de copiar-lhe o texto

ficarei a seu lado.



Da máquina de escrever

farei extensão de mim

letra a letra

por longo tempo

cobrirei

comum espaço.



Olhos fechados

(o bom datilógrafo não olha para o teclado)

no écran de minhas retinas

vejo fila imensa

de candidatos ...

um a um, todos se vão.;

firme a esperar

somente eu

e você não vê.

Por que será?...

De repente

dedos atentos

olhos fixos em seus lábios

estou a recolher

cada palavra

de seu dizer.



Quero ser seu datilógrafo

e em letra de forma

gravar

seu jeito gostoso

de falar.



A folha em branco

recorda-me

o “tanquam tabula rasa

in qua nihil scriptum”

a retratar

a mente humana ao nascer.

Tal qual a vida

receberá as manchas

que a identificarão

quando crescer.



Estas teclas não comprimidas

ocultam coisa estranha

(sinto que nelas

mistério se entranha...

ou será que é dentro de mim?)



Deixe-me ser seu datilógrafo

adoro ouvir seu nome

e no papel gravá-lo

lembra carinho

e tudo que é caro

lembra rir

(e é tão lindo seu sorriso!)

lembra também ninho

paraíso...



Veloz, vibrantemente

quero escrevê-lo de uma só vez

para não perder

um só minuto de você.



....



L e n t a m e n t e

e s p a ç a d a m e n t e

em letras

em sílabas

por inteiro

como é gostoso

digitar seu nome

no teclado

de meu sonho

a cada toque

recomponho

seu gesto

seu semblante

seu jeito

seu porte

seu corpo inteiro:

K .... doçura

K .... ternura

K .... segura

K .... madura

K .... mulher.



No vai e vem

deste cilindro

com papel enrolado

sem tabulador

mais envolvido

fico eu

com medo de ir

e K .... não vir.





Mesmo assim

quero datilografá-la

a cada toque

(como em lâmpada de Aladim)

surgirá você

a dizer-me inteligentemente

(mente?...sei que não!)

as coisas

que careço ouvir...





Ser seu datilógrafo

copiar suas memórias

escrever suas histórias

transcrever o manifesto

discurso

ou simplesmente

aquele

que a latência

do silêncio

encerra

e só sua leitura

revela.





Ao menos

(o que é tudo)

com dedos trêmulos

reteclar

seu nome:



Primeira letra – com o “pai de todos”

Segunda – com o “mindinho”

de minha timidez

Terceira – com o mais forte e da esquerda

Quarta – novamente o decidido e protetor

Última – com o vigoroso “indicador”

e da direita.



Kerida,

deixe-me ser seu datilógrafo

prometo

cento e vinte

toques

de karinho

por minuto.

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