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Contos-->Quatro minutos -- 18/08/2005 - 12:41 (Flavio Luiz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu coração começa a bater forte, meu instinto de sobrevivência agora entra em batalha mortal com minha consciência. Calculo que tenho 4 minutos de vida. O veneno começou a agir. Vem na boca um gosto amargo quase sufocante, meu estomago dói insuportavelmente e eu começo a ter orgulho, tudo indica que terei êxito no meu intento. Começo a me orgulhar porque escolhi o veneno certo na dose certa, sinto orgulho depois uma vida inteira de fracassos agora terei êxito justamente na morte. Sinto um estranho gosto de vitória, uma vitória covarde contra a minha própria vida. Covardia define apenas uma parte desta tragédia que agora se desenrola, oculta neste quarto escuro, onde sou vitima e ao mesmo tempo carrasco.
Meu coração está batendo cada vez mais forte, agora restam 3 minutos, como eu queria ver a cara das pessoas que me conhecem, ao me ver morto. Mas em 3 minutos não vou ver mais nada, nem pessoas nem flores, nem mesmo as flores que irão comigo. Agora estou sentindo medo, medo de não ver mais as flores, medo de encontrar a escuridão eterna. Meu Deus o que foi que eu fiz? Está ficando difícil de respirar, estou quase sufocando. O pânico chegou, tenho vontade de gritar por socorro, mas não posso gritar minhas vias aéreas estão ficando bloqueadas, minhas pernas e braços começam a formigar, uma dor aguda toma meu peito. O que as pessoas que eu amava e me deixaram, vão pensar, será que sentirão alguma culpa? Será ao menos que saberão que eu morri e sob quais as circunstancias? Droga esqueci de escrever a minha carta testamento. Não saberão ao cetro porque fiz isso, farão conjecturas e nunca terão certeza do que me levou a esse gesto estremo, e eu não estarei lá para explicar.
Estou arrependido, e só me restam 2 minutos, meu êxito agora configura o meu ultimo ato em vida, e meu ultimo ato está fracassando, pois eu não devia estar arrependido, por muitos meses planejei esse momento, e estava convencido de que era a solução derradeira. Não consigo mais respirar, a dor dilacerante toma conta do meu estomago, meu peito dói muito como se tudo por dentro estivesse sendo rasgado. Minha garganta pega fogo, meu rosto incendeia em calor, meus olhos ardem e escurecem. Desfruto agora da agonia da morte, e minha gloria é a vitória sobre minha vida, a derrota da minha existência, que logo se extinguirá como uma chama que se apaga para nunca mais acender. Tão perto do fim e ainda tenho a consciência de que estou vivo, na minha mente vem todas as lembranças da minha vida, tudo que vi e que fiz, pessoas que amei, lugares que visitei, coisa que senti, rostos que jamais esqueci, tudo isso agora se derrama ma minha mente, como uma bebida preciosa que vai ao solo, esvaída de sua garrafa que virou.
Ainda estou vivo, porem não respiro mais, não consigo mexer um músculo, não enxergo mais nada da réstia de luz que vem da janela. Tenho um minuto, não sinto dor, mas ainda sinto medo, medo da perda total a que me propus. Todos os desgostos que tive pela vida, agora não se comparam nem de longe com o medo que toma conta do que me restou de sopro de vida. Ainda estou vivo em consciência, mas meu coração não bate mais. Sinto uma vontade imensa de gritar, mas não há mais grito para mim, eu sucumbi por minhas próprias mãos e já´não sei mais ao certo o que me levou a isso.
Quando estava vivo eu queria morrer, agora que estou morrendo quero viver... meu tempo acabou...
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