Usina de Letras
Usina de Letras
317 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62176 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->SETENTA ANOS -- 03/09/2006 - 21:39 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SETENTA ANOS



a estranha feli(z)(c)idade da velhice





Délcio Vieira Salomon



Fazer 70 anos não é simples.

A vida exige, para o conseguirmos,

perdas e perdas no íntimo do ser,

como, em volta do ser, mil outras perdas.

..........................

À sombra dos 70 anos, dois mineiros

em silêncio se abraçam, conferindo

a estranha felicidade da velhice.

(Carlos Drummond de Andrade)







Setenta anos

faço hoje...quem diria!?

Sim, estou a postos

para mais esta “exigência da vida”.

Sinceramente me sinto

como noviço deslumbrado

ao estar admitido

na confraria da provecta idade.





Concordo com Drummond

(quem concordar não há de?!...):

confiro hoje em mim

a estranha feli(z)(c)idade

da velhice.





Olho no espelho

vejo meu rosto

mais uma vez diferente

estampando a mesmice de mim.



Parece até da vida

mais um imposto

no vidro posto

a ser lembrado

como saldo devedor!...

Vejo que até hoje

ainda não paguei

a infância truncada

a juventude que se foi

e a maturidade que mal

comecei a usufruir.



A luz bate sobre

a imagem refletida

e sobre o presente

o passado reproduz.

Quanta lembrança

de dias idos e vividos

nas dobras do destino escondidos

ou guardados

nos arcanos da saudade!



Setenta anos

parecem setenta dias...

Repetirei o lugar comum:

passaram depressa

não me dei conta.

Mas também

por que tanta pressa,

se meu tempo

nunca teve onde chegar?



Recordações constantes

em imagens transformadas.

Até parece a superação

do eterno conflito

do que foi contra o que é

num jogo de perde / ganha

visando a arrebatar o louro

do que ainda resta de porvir.



Nesta luta íntima

me surpreendo

com muito apego

ao aqui / agora

- ponto da tessitura

do universo

cantado

em prosa e verso.



Setenta anos

não há segredo

neste mister...

Afinal não é receita

de cura ou de culinária

para se avinhar...

Embora para tal feito

precisei cozinhar

muita dor

muita espera

muita ilusão

sobretudo

irrecuperáveis

perdas.



Algumas apenas

“envolveram meu ser”

outras qual lâmina

o penetraram

até a alma sangrar.

Mas... no fundo: golpes

a preencher vazios

desta longa trajetória

espácio-temporal.



Setenta anos!

Quebro o silêncio mineiro

para comemorá-los

com a alegria

de quem se apresenta

à festa que se faz.



Rendo homenagem

à Vida

( sim!. valeu ter vivido)

ao Amor

(síntese de todos os que tive e tenho)

à Paz

(sempre procurada e sempre alcançada)

à Amizade

(móvel e motivo de aqui juntos estarmos)

particularmente

à perene continuidade da Presença

herdada e transmitida

aos filhos e aos netos

com fé em sua perpetuidade.



É privilégio

completar

setenta anos

- como negá-lo?

Afinal o faço

com permissão

do próprio fluir do Tempo

e com a gratidão

de devedor

entre credores queridos

a sacramentar

numa roda de corações

mistérios à Idade reservados.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui