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Poesias-->NA MESMA TECLA -- 03/09/2006 - 21:00 (Délcio Vieira Salomon) |
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NA MESMA TECLA
Délcio Vieira Salomon
em homenagem aos
separados e aos solitários
I
Tecla batida
por uma vida
em duas partida:
uma nas brumas do tempo
perdida
outra qual fênix
de cinzas renascida
dois elos que clamam
por nova fusão
da corrente rompida.
II
Vivemos sempre
batendo na mesma tecla
sem sair do lugar.
Distantes um do outro
sem ultrapassar
a barreira
do mesmo som
a densidade
do mesmo tom.
Ora o dó
dó dó dó dó dó dó dó
dó de ti
tão sozinha
dó de mim
que vivo só.
Ora o ré
ré ré ré ré ré ré ré
ré sem culpa
quando culpa tenho eu
de te deixar assim:
eu sem ti
e tu sem mim.
Ora o mi
mi mi mi mi mi mi mi
mi de minha
que foste
e não és mais.
Com tanto espaço
não podem os dois ocupar
o mesmo lugar?
Por que será?
Ora o fa
fa fa fa fa fa fa fa
fado meu
fado teu
fado tão fatal:
Oh! minha fada
tanta falta
fazes em minha solidão.
Não reclamo de ti
reclamo da saudade
da constante presença
de tua ausência
que só tormento traz.
Ora o sol
sol sol sol sol sol sol sol
sol que iluminou
felizes dias
ainda estás a aquecer
meu ser
em busca
de amor sem fim
Ora o la
la la la la la la la
lá reinas
soberana
aqui padeço
a lembrança
de ti todinha
a ocupar
dias sem noite
e noites sem luar.
Ora o si
si si si si si si si
Si de sina.
Sina cruel
viver em dois lugares
sem em nenhum estar.
Mas, se me for dado
o dom da ubiqüidade,
não haverá
mais lugar
onde tu e eu
não possamos
sempre juntos estar.
Nem haverá
a monotonia
da escala
que vai e volta
para repetir
com insistência
a mesma nota
no teclado da vida
para se deter naquela
que só reflete
esperança vã.
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