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cronicas-->Artesã, leitora -- 30/01/2004 - 22:24 (Luciene Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Artesã, leitora


Dizem que escrever é uma arte.
Agora que já passei dos trinta anos e já consigo desenhar minhas próprias verdades, percebo que não estou mais certa disso.
Eu que aprendi a ler muito pequena e que cavalguei vida afora lendo tudo o que me caia nas mãos, traçando oficio de escutar autores, de ouvir pessoas mudas em cada composição de caracteres, de chorar diante de cenas que não me agradavam ou que me agradavam bastante, de fazer festa a cada desfecho bem feito, já não estou mais certa disso.
Depois do tempo de não estar mais certa a respeito de quase nada, pois esse tempo também existe, fui privando-me até mesmo de falar em público, guardando meus escritos apenas para o palco de meus próprios olhos.
Quando muito, pensava que ajudava um ou outro a ver o além que, eu pensava, não viam, sendo até antipática na arte de exigir mais daqueles que para mim escreviam.
Sim, todos a quem leio escrevem para mim.
Assim não fosse, eu não os leria.
E grande privilégio essa gente tem pois não é qualquer um que consegue ser lido com essa avidez que utilizo.
Eles se beneficiam quando me beneficiam.
Essa é a lei da terra, meus caros.
Um jogo de troca.
Se não gostam desse comércio que se exerce nesse tabuleiro de leitor e autor, que façam como eu. Pensem. Repensem. Guardem seus textos, se necessário. E quando decidirem que mereço continuar pousando esses meus olhos críticos no que lhes saem do coração, mandem o texto para mim. Asseguro-lhes: vocês sempre terão um leitor ativo do lado de cá do que me mandam.
Pois bem, ora essa. Ler, sim, é um ofício.
Escrever, qualquer um faz. Ler, não. Quando se escreve, se escreve com os dedos; se muito, com a alma. Para ler é necessário colocar, além dos dedos que folheiam cada pagina ou rolam cada tecla do computador, a alma e o espírito a fim de não cometer injustiça muito grande com quem resolveu gastar o pouco tempo que tem, pois todos temos pouco tempo na vida, na arte de se derramar para mim, eu que tanto leio.
Sou um artesão da leitura, meus senhores.
E disso me orgulho, pois tenho tanto nessa minha cabeça que comecei até a acreditar em deus.
Somente deus poderia dar conta de um computador de chip tão minúsculo para armazenar de forma cuidadosa, sem rompantes neuróticos, tanta coisa que tenho absorvido nesses trinta e poucos anos de vida.
E pretendo mais. Deus, então, dai-me, por misericórdia, a paz e o intento bem conseguido de continuar lendo esses que escrevem para mim, pois eu gostei tanto de acreditar em Ti, que quero continuar essa jornada de crente-leitora desesperada.
E a esses que escrevem para mim, brasileiros e estrangeiros, abençoai, pois minha vida sem eles não é nada. Essa interdependência é o que faz a nossa estrada. Não apenas a minha, mas as dos demais artesãos leitores que se debruçam, noite a noite, dia a dia, nessa cornucópia de letrinhas.

L.Lima
SPaulo, 2004

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