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Poesias-->PEDRA -- 02/09/2006 - 00:02 (Délcio Vieira Salomon) |
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Pedra
Délcio Vieira Salomon
Na extensão do deserto
por leito o imenso areal
e por teto o azul do céu
jaz a solitária pedra.
.
No meio do entulho
fruto de repetidos destratos
sem da sujeira se impregnar
qual virgem abandonada
a pedra reluz aos raios do sol.
Encostada ao muro
a prostituta aguarda a pedra fatal.
Instrumento de sanguinária mão
Incapaz de cumprir por si
hipócrita sentença, por sinal
reveladora de empedernida mente.
Arma para ferir e matar
não por ser o que é,
mas justo por ser presa fácil
de quem a pega
pr’a desejos inconfessáveis
satisfazer.
Nesta hora todos esquecem
da pedra em que Jeová
escreveu os mandamentos
e a confiou a Moisés.
Ninguém nesta hora se lembra
do sacrifício a ara sagrada
onde o cordeiro se imola
para o fiel das trevas libertar
Há séculos foi ela
o fundamento da igreja
onde se reúne a multidão
para a Divindade adorar.
Base da humilde morada
como de arranha-céus
sobre moles erguidos
milhões delas consumidos
para em fileira
brutas selvas se formarem.
Ei-la que surge
sob aplausos,
bandeira no mastro erguida
banda, foguetório
discursos e louvações
lançada no vão cavado
fruto de deslavada corrupção
para ser de novo evento
o marco inaugural.
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