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cronicas-->Meu passado - Para Aulow Randap (em lembrança) -- 28/01/2004 - 14:19 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gosto de escrever sobre o passado. Não tenho nenhuma razão mais especial para isto, a não ser o fato de que o tenha vivido. Se isto não é motivo suficiente, fica sendo, por motivos práticos. Ao escrever, me alivio ou me libero das lembranças até de modo agradável. Porque é gostoso escrever. E depois deste preàmbulo, posso mergulhar no meu passado.

Cresci, até os dez anos, numa cidadezinha ao lado de São Paulo. Hoje é parte da Grande São Paulo. Era uma antiga aldeia indígena que se chamava Baquirivu. Quando chegaram os portugueses, passou a chamar-se São Miguel Paulista - nome que conserva até hoje.

Lá em São Miguel, morávamos na Rua da Estação. Os trens passavam lá na frente, algumas vezes por dia. Iam e vinham do Rio, de Belo Horizonte, de Curitiba, sei lá mais de onde. Lembro que meu tio, o de Divinópolis, quando voltava para lá, ia para São Paulo pegar o trem que passava por São Miguel e não parava. E meu tio, à hora combinada, vinha para o estribo do trem nos acenar, com a mão espalmada. Minha mãe, irmã dele, sempre dava um suspiro antes de a gente voltar pra dentro de casa.

São Miguel Paulista tinha uma igreja. Sob orientação dos jesuítas, tinha sido construída pelos índios do lugar. Era uma construção sólida - está lá até hoje - e tinha a peculiaridade de ter uma uma varanda. Uma ampla, larga, belíssima varanda. Não tinha mais nada além de um telhado puxado, umas colunas e uma balaustrada. Mas, aos meus olhos, era belíssima. Acho que data daí minha obsessão por varandas. Eu tinha um prazer enorme em ficar naquela varanda. Não sendo católica, não tinha porque ir à igreja - mas ia à varanda. As paredes da igreja eram grossas. PIntada de branco, no pior das estiagens, era um lugar sempre fresco e acolhedor. Parece que não se fechava nunca. As pessoas entravam e saíam com um ar mais feliz do que hoje se apresentam.

Um dia construíram um Parque Infantil ao lado da igreja. Meus pais me inscreveram lá. E foi onde aprendi a gostar de ler embaixo de árvores. Havia uma pequena biblioteca e uma das orientadoras, percebendo minha predileção por livros, me trazia da sua casa alguns. Eu deveria ter uns 8 ou nove anos de idade. Também me lembro do gosto do leite dentro de um copo de alumínio. Leite frio, alumínio gelado. Tarde quente. Adoeci. Fiquei proibida de tomar o leite frio. Etc.

Lembranças. Tudo vale a pena. Acho.

Bom, agora tenho de ir. Ao trabalho. Moro num país diferente, onde há muita neve, frio e gelo. Muito mais gelado do que o copo frio de alumínio. Muito mais.
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