Sai a minha procura
e com olhar de grande ternura
consegui encontrar-me.
Encontrei-me sentada
vendo o tempo passar.
Encontrei-me atenta,
seguindo o caminho
que tenho a traçar.
Vez ou outra,
um olhar desaprovador
como a dizer:
- Não é por aí.
Mas, continuo sentada
assistindo meu caminhar.
Nada posso falar-me.
A estrada está a minha frente
e eu sentada
vejo-me viajar.
Eu sentada,
tenho um sobressalto:
‘Será que peguei o caminho errado?’
Talvez, mas, eu sei,
ele me leva a algum lugar.
Parada, sentada,
assisto meu despertar.
Eu, ali parada,
tento questionar-me,
Mas, não posso falar-me.
Assisto minha vida,
dou risada, choro, canto,
emociono-me e apaixono-me.
Apaixono-me pela minha vida
e de um salto,
coloco-me dentro de mim.
Estou segura.
Já não me espio,
já não me censuro,
já não me procuro.
Desliguei o botão que tenta
mostrar-me o futuro
e decidi viver o agora,
um dia de cada vez.
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