Sem você caminhei por longos anos
neles, vesti-me de amores e não me conheci.
A paixão abraçou-me por diversas vezes
e, nelas, também não me vi.
A angústia que apertava o peito
tinha o nome saudade,
mas, de quem?
Caminhei por estradas floridas,
nelas, senti o aroma tão conhecido,
mas, de quando?
Muitas foram as vezes que me perdi
na teia da sedução
e querendo acabar com o vazio
que enchia o coração,
fui atirada ao chão,
pisoteada, massacrada,
incompreendida até por mim.
Gritei aos véus, não fui ouvida.
Conformei-me com minha sina:
estar só, pelos caminhos da vida.
Quando a ânsia de extirpar a saudade
cessou,
chuva fina em noite fria
em meu refúgio te mandou.
Um do outro o olhar não desviou
e sem palavra dizer
você me beijou.
Naquele instante
terminou o vazio de duas vidas
que, por muito tempo,
triste nos deixou.
|