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cronicas-->Preciso abanar a mosca que está perturbando meu chefe -- 29/09/2000 - 09:26 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ninguém assume que é puxa-saco. Mas acabei de concluir que eu sou um dos exemplares mais legítimos. Não se trata de uma constatação recente. Na verdade, meu comportamento profissional desnuda o verdadeiro papagaio de pirata que sou desde que arranjei o meu primeiro emprego. O que me consolou, depois de ter a coragem de assumir minha porção baba-ovo, foi perceber que não sou o único, que existe um monte de engajados companheiros na arte de fazer tudo o que o chefe pede. A glória da nossa classe, por sinal, é se antecipar aos desejos do gerente. O ápice da nossa carreira é atingido quando conseguimos prever qual é o carro de sua preferência ou sua cor predileta. Acertar o presente de aniversário, então... "Adorei essa camisa branca!" - afirma, sorridente, depois dos parabéns. Mas não quero constranger ninguém. E também não quero me auto-flagelar. Esse comportamento é quase genético, e vem de muito longe.

- Pai, quer que eu vá comprar cigarros pra você?

Essa era uma abordagem costumeira toda vez que eu queria ir a algum lugar distante ou quando estava namorando um brinquedo novo. Na verdade, o ato de tentar agradar alguém está condicionado a um interesse qualquer - seja ele nobre ou não. As vezes algumas boas almas têm de mendigar um favor para conseguir ajudar outras pessoas. Por outro lado, para conseguir a promoção que nos envaidecerá o ego e recheará nossos bolsos, é preciso elogiar o corte de cabelo ou o bom gosto indiscutível do vestuário do chefe. Mesmo as conquistas amorosas estão sujeitas ao ato hipócrita de enaltecer uma qualidade que inexiste na personalidade ou atributos físicos do alvo da conquista. "Que olhos lindos!" - disse uma vez para uma caolha que tinha um corpinho de arrasar. "Você é o melhor homem que já conheci na cama!" - afirmou minha prima Alice para o velho patrão que a sustentou por cinco anos. Depois me confessou que orgasmo era palavra expulsa do seu dicionário. Por isso mesmo é que não dá para condenar ninguém. Em estágios maior ou menor, todos somos puxa-sacos potenciais.

O que me intriga, porém, é a hierarquia da bajulação. Será que tem um fim? Peguemos como exemplo uma empresa qualquer. O boy adula a secretária, que adula o gerente, que bajula o diretor, que puxa "o" do dono, que agrada o vereador, que baba pelo prefeito, que idolatra o governador, que venera o presidente, que morre de paixão pelo Bill Clinton, que só respeita Jesus Cristo, que, por sua vez, faz tudo o que Deus quer... Êpa! Parece que a coisa termina por aqui. Afinal, foi Ele quem nos deu a vida, quem criou as coisas, a natureza e os sentimentos. Enfim, acho que encontrei o topo da piràmide. Acredito mesmo que somente Ele não tem a quem dar satisfações ou se curvar para obter um favor. Deve ser isso! Mas, pensando bem, como seria se o presidente dos EUA fosse ateu?...
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