A rosa que se revela
À contemplação lírica do poeta
Confessa toda sua
Incandescente ânsia
Antes resguardada.
Sua casta pele-pétala
Ganha a lascívia do instante:
Hiato que não mais
Sabe ao intemerato lírio.
És , agora , musa escarlate,
Desejo lúbrico dos seres platônicos.
Tua seiva é a gota de desejo
Que se dilui na boca sedenta do beijo.
Tua leitura pueril se concretiza
No êxtase natural do pecado.
Tua pele branca é banhada pela nuança
Do arrebol que rebenta todo pejo
Deste sobejo de amor...
São olhos que se traduzem.;
São mãos que se perdem.;
Sulcos, côncavos, curvas,
Ancas, coxas, seios , pêlos...
Dentro da lânguida busca dos lábios,
Um grito de prazer se esboça
E não há força que possa
Com este orgasmo etéreo que se exprime.
II
Corpos
Na procura incessante dos opostos
- Formas que se completam –.
Momento em que tudo se consome
À flor em fogo
Da ébria inconsciência do gozo.;
A inconseqüência necessária
Que se acoita na magia do coito.
Estamos cegos,
Porém seguros,
Pois sabemos que a noite
Aos amantes pertence,
Que não cabe ao prazer o açoite
E que todo ato de amor é puro
(Visto que a entrega o é inerente).
III
Tem-se, então, a explosão
Que nos torna , por um breve espaço de tempo,
Imortais.
Rompe-se o harmônico pulsar
De toda atmosfera.
A fusão dos corpos se desfaz
Na efusão das almas.
Somos o que o universo comporta
E o que o verso só completa.
Somos partes refletidas num único cerne.;
Somos rosa , amor, carne e poeta.