Mel
Luís Gonçalves
Em um dia de calor. Os sonhos se misturam. Desdobram o cheiro do tempo que brilha e rebrilha sem cerimônia. Aquela silhueta seduz o sol do pico do amor.
Falar apenas do cabelo é sonegar o completo requinte da graça. Jardim devoto em sonho com imensos canteiros a fantasia.
Abandono o pêlo largado ao vento e agasalho-me na pele de um lobo solitário embaralhado nesses detalhes sórdidos.
Vivo a vez de um surfista embriagado pela tal ilusão. Que confusão!
Lanço um tiro de vista cruel em direção do garboso bamboleio do reluzente vestido cor do amor que vagueia pela paixão do tipo girassol.
Guarida de fêmea desinibida; sufocada lá vai ela: arrancando do mundo murmuro de fato que não serão correspondidos.
Horas e riscos, que vem e que vai, de larvas lançadas por icerberg em oceanos de fúria humana. No dia em que ela passou.
Tudo conspira...
O sorriso que arromba a boca sedutora agradece. Escancara a porta do pudor e o prazer destampa a face e deixa a libido fluir.
Meus olhos debulham ansiedade no andar...