Cachoeira em Brasília
Não tem rio nem ruído
Com um silêncio profundo
Que parece atrevido.
Procurando a nascente
Uma CPI vai em frente
Seguindo só um mugido.
O silêncio faz sentido
Porque é conveniente
Para muita gente grande
Que esteve na corrente
E não quer uma devassa
No leito que lhe abraça
Com os braços de nubente.
Quem não é burro pressente
Que se trata de cascata
Ou como dizem os cegos
Uma simples catarata;
Mas a “água”, neste caso
Não corre assim por acaso
Pra desaguar na Mamata.
Muita gente de gravata
Por baixo da cachoeira
Colhendo belos momentos
Na cascata financeira;
Um delta compõe a foz
E mesmo faltando voz
Ninguém deixa sua beira.
A vida é prazenteira
Nesse rio assoreado
Que não passa por limpeza
Porque tem leito blindado;
E os detritos pelo chão
Com as marcas de cifrão
Têm destino bem traçado.
Garçom – estou enjoado
De tanto andar de canoa
O navio encalhou
Com magnatas na proa;
Já é hora de um lanche
E como não tem revanche
Traz uma pizza, da boa.