Bom Dia Gramado!
Aqui estou como recente moradora, saudando 2004 com flores na alma e aquela indescritível e única sensação de primogênito parto.
Construí meus alicerces para o que há alguns anos era um sonho mirado nas estrelas e aqui fiz morada.
Algumas vezes testemunhei hortênsias florescendo e as luzes de natal brilhando com olhos de turista.
Neste ano revi tudo com "olhos de criança". Brinquei na imaginação e tirei várias fotos junto aos brinquedos. Pedalei no pedalinho do Lago Negro e revisitei o Mini Mundo toda prosa como "guia" familiar. Adorei as estátuas vivas, as luzes e a surpreendente decoração "pet" tão ecologicamente correta.
Senti-me passeando em algumas cidades da Europa com a educação dos passantes, especialmente quando assisti motoristas pacientes aguardando pessoas a tirar fotografias no meio da rua e respeitando pedestres na faixa de segurança.
Quedei-me calada diante da cena de um pai, que era pura emoção, vendo seu filhinho dar os primeiros passos, no milagre contínuo da vida, junto aos soldadinhos de chumbo.
Um dia seguia um turista que ia tão devagar que quase me irritou, para em ato contínuo entender o seu deslumbramento. A placa do carro denunciava que ele vinha de longe e eu imaginando que neste cenário, poderia ser a sua primeira vez.
Isto tudo já bastaria para se festejar a vida e a minha decisão de morar aqui.
Brilhosos olhinhos de habitantes da paisagem na estrada Gramado-Canela, em uma curva cercada de mata, de brinde e bónus derramaram luzes efêmeras e doces numa noite de caminhada. Sem hora marcada, pura amostra grátis eles apareceram: Era o espetáculo dos vaga-lumes.
Estavam estreando um filme particular, resgatando os nem tão iluminados, mas melodiosos natais da minha infància.
A natureza é guerreira e mais uma vez me deu de presente uma lição de vida: Felizmente eles não estão extintos.
Neste misto de magia, nas horas vagas eu sonho, passeio, observo e escrevo. Nas outras horas levanto cedo e dou conta do cotidiano de trabalho.
Sei que a vida não é só feita de presentes, enfeites e luzes.
Sei também que a vida é constante evolução.
As pessoas, as cidades, os espetáculos carecem sempre de melhorar, mas hoje a cidade é pura energia positiva.
Sinto-me privilegiada pela persistência que carreguei no peito ao construir alicerces do meu sonho e a cada anoitecer renovo o sentimento de prazer que me fez ser gramadense por opção.
