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Cronicas-->Cartas, cartões, cartomantes -- 21/01/2004 - 15:18 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Limpando minha biblioteca... depois de muitas décadas de pura contemplação às pilhas de livros, papéis, mil recortes, jornais e revistas... De uma vez por todas, pensei, tenho de enfrentar esta montanha. E me enfurnei na biblioteca por 22 dias - dia e noite. Até a madrugada. Vantagem minha é que dormia até as onze da manhã, como se estivesse no subsolo do universo. Nada me acordava, nem o tinir do telefone ao meu ouvido, na cabeceira (quem teve a idéia de colocar um telefone no criado-mudo? - eu mesma...)

Encontrei mil cartas ("mil" é eufemismo para milhares), outros tantos cartões de amigos enviados de todas as partes do mundo nos últimos 15 anos. Tudo guardado, como se um dia alguém fosse embalar isto comigo no túmulo, como fizeram com as jóias do Tut, no Egito. E os artigos recortados? Vi gente crescer a partir de artigos publicados em 1980 e por mim guardados. Hoje são importantes em vários setores, da diplomacia à universidade e daí a gerenciamento globalizantes de problemas universais. Gente importante, crescendo por meio de artigos, ensaios, olhares dispersos pelo mundo, concentrados em observações (suas e alheias). Reler todos estes artigos? Jamais de la vie, como dizíamos no ginásio. Não há tempo nesta curta e brevíssima vida. Aliás, nem que vivesse mais cem anos. O que, graças à natureza amiga, não acontecerá.

Infelizmente, e digo isto com veemência contida, vai tudo para o lixo. É a única maneira de admnistrar este museu de vida. Não posso fazer microficha, não posso escanear tudo isto, então o remédio é jogar fora. Escrevo estas palavras com dor imensa. Mas não tenho outra solução. - Já vou fazer doação de livros e de coleções de revistas, mas papéis recortados... só tinham interesse para mim. E, agora, com exceção de poucos, vão todos embora, para sempre.

Entre a papelada, uma carta - de uma cartomante! Era de uma moça cigana que conheci em S.Paulo, em 1988. Ela ficou impressionada com os próprios acertos ao ler, contra minha vontade, as folhas de chá que sobraram na minha xícara. Nunca gostei de conhecer meu futuro e ainda não gosto. Enfim, pela carta ela me pedia que lhe arranjasse um emprego. Que era perigoso ser cigana, e que ela não era cigana, era fingida. Mas que tinha o dom de ler o futuro em folhas de chá. (Previu muitas viagens para mim, no que acertou e outras coisas que, se me lembro, choro.) Me dizia, na carta, que eu devia tomar cuidado com escadas... Enfim, a cartomante acertou outra vez. Ainda outro dia, o cachorro da minha vizinha, enorme e carinhoso, quase me derrubou degraus abaixo. Só agora fui lembrar que a cartomante me tinha predito perigo em escada... A carta da cartomante fica.

O que mais me chamou a atenção foram dois cartões que escrevi e nunca mandei. Quem não os tem? Cartas também. Mas os cartões... ambos de S.Paulo, um até recente,do ano passado. Por que não os mandei? Por que não se manda um cartão? Por quê? Por quê?

Se eu mesma não sei a resposta, quem saberá?
Os cartões ficam. Para o lixo não irão. Pelo menos por agora, não.



































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