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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->MÃE ZORAIDE -- 20/12/2008 - 23:53 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Desde a pré-história, a opressão sobre os mais carentes era a
prova incontestável da vitória dos fortes sobre os fracos.
Assim, a escravidão de seres humanos vem se arrastando
através dos tempos.
Impérios e outras nações, por meio de guerras ou simples
excursões, invadiam outros povos e, como troféus, traziam
os prisioneiros para serem escravizados.
Com o descobrimento do Novo Mundo pelos europeus,
esse vastíssimo continente que compõe as Américas tinha de
ser colonizado. Os indígenas não funcionaram como mão-deobra
escrava para os descobridores. A maioria dos índios
recusava-se a trabalhar em regime de escravidão. Fugiam para
o interior, longe do litoral, lugares de difícil acesso para os que
fossem buscá-los.
Com isso, o mundo moderno conheceu a sua maior
tragédia e vergonha: a escravidão negra.
Sob a complacência do Vaticano, portugueses, espanhóis,
holandeses, franceses, ingleses, piratas e outros navegadores
aportavam pelas costas ocidentais da África para o livre
comércio de criaturas humanas.
Mas vamos nos ater ao Brasil Colonial e Imperial.
O trabalho escravo do indígena foi usado em diferentes
regiões do Brasil, até meados do século XVIII. A caça aos
gentios era um comércio local e os ganhos com esse tipo de
mercado permaneciam aqui com os colonos, sem lucros para
Portugal. Insatisfeita, a corte decide desestimular a caça aos
índios e substituí-los nas plantações de cana-de-açúcar, nos
engenhos e em outras atividades, pelos negros.
O tráfico negreiro foi um dos mais vantajosos negócios
para Portugal, pois os seus lucros eram enviados ao reino.
A primeira leva de escravos vindos da África que chegou
ao Brasil veio da Guiné, trazida pelas caravelas de Martim
Afonso de Souza, em 1530.
Trinta anos depois o comércio negreiro se intensificaria.
A Coroa portuguesa autoriza cada senhor de engenho
a comprar até 120 escravos por ano.
Os sudaneses são levados para a Bahia e os bantus são
desembarcados no Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 1568, o tráfico negreiro foi oficializado pelo governador-
geral Salvador Correa de Sá.
Estima-se que durante o período da escravidão chegaram
ao Brasil mais de dez milhões de africanos.
Devido às humilhações e aos padecimentos que sofriam,
houve inúmeros suicídios, fugas e abortos entre os escravos.
Revoltas coletivas, assassinatos de senhores, feitores e capitãesdo-
mato eram freqüentes.
Uma das mais lendárias revoltas protagonizadas pelos
negros foi a do Quilombo dos Palmares.
Cada tribo africana trouxe consigo suas tradições, religiões,
cultos e muitos veneravam aqui seus reis e divindades.
Venerar outros deuses era terminantemente proibido pela Igreja.
No entanto, algumas seitas eram secretamente permitidas,
mediante acordos feitos com os senhores. Psicologicamente
servia para atenuar e mascarar um pouco a opressão sofrida
no dia-a-dia.
Desde o início do século XIX a escravatura era uma
fonte constante de atritos entre o Brasil e a Inglaterra. Os movimentos
abolicionistas já eram freqüentes entre os liberais, mas
não chegavam à elite agrária, dependente do trabalho escravo.
Em 1810, ao assinar o Tratado de Comércio e Navegação
com a Inglaterra, D.João VI comprometeu-se a acabar com
o tráfico negreiro. As negociações arrastaram-se por mais de
quinze anos, com o Brasil já independente de Portugal, devido
à ferrenha oposição dos grandes proprietários de terras.
Em 1825, os ingleses exigiram que os brasileiros marcassem
uma data para terminar com o tráfico de escravos. As exigências
começavam a surtir efeitos e, em 1827, um decreto
imperial garantia que o tráfico acabaria num prazo de quatro
anos. Em 7 de novembro de 1831, é votada a lei, nunca posta
em prática, que determinou o fim do tráfico e que deu origem
à expressão “para inglês ver”. Em agosto de 1845, o Parlamento
Inglês promulga a Lei Bill Aberdeen, que proíbe o tráfico em
todo o mundo e arroga ao Reino Unido o dever e o direito de
aprisionar qualquer embarcação suspeita de transportar
escravos.
O fim do tráfico negreiro no Brasil deu-se com a Lei
Eusébio de Queirós, aprovada em 4 de setembro de 1850 e
complementada em 1854 pela Lei Nabuco de Araújo.
Os últimos 209 escravos que chegaram ao Brasil desembarcaram
em Serinhaém, Pernambuco, em 1855.
A Lei do Ventre Livre, que tornou livres as crianças
nascidas de mães escravas, foi criada em 1871 e comandada, a
pedido do imperador D. Pedro II, pelo Senador José Maria da
Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco.
Em 1885 foi aprovada a Lei dos Sexagenários, redigida
originalmente pelo jovem deputado Rui Barbosa, que libertou
todos os escravos com idade igual ou superior a 65 anos.
O fim da escravatura no Brasil foi decidido no Senado,
com a libertação incondicional e imediata dos escravos. Esti112
mulado pela força dos movimentos abolicionistas, que havia
anos agitavam o império, e pelo chefe do Gabinete Ministerial,
Senador João Alfredo Correa de Oliveira, o projeto da Lei da
Abolição tramitou com rapidez, e a Lei Áurea foi assinada pela
regente herdeira do trono, a Princesa Isabel, em 13 de maio de
1888.
O legado cultural africano que o Brasil e os brasileiros
incorporaram, após a libertação dos escravos, é imensurável.
As religiões, principalmente o candomblé, que deu seguimento
à umbanda, culto pré-descobrimento dos tupis-guaranis, com
seus rituais e magias; folclores como o bumba-meu-boi e
reizada; a música, com a batida do samba conhecida no mundo
inteiro; comidas típicas, que hoje fazem parte do nosso
cardápio, enfim, a cultura afro-brasileira, misturada com a
cultura afro-ameríndia, veio para ficar. Hoje temos escolas e
até faculdades voltadas para estas atividades.
Vamos voltar no tempo e parar na África, no ano de
1933. A lua cheia ia alta, por cima das frondosas árvores
daquela floresta tropical africana. De longe vinha o ruído da
cachoeira que despencava para dar continuação ao serpentear
do caudaloso rio que, alguns quilômetros abaixo, encontravase
com as águas do Oceano Atlântico.
Nem todos dormiam na pequena cidade, onde casas de
madeira erguiam-se em palafitas, devido às enchentes do rio.
Ansiosa pelo amanhecer, tia Maria, como gostava de
ser chamada, era uma senhora de 85 anos que tinha sido escrava
no Brasil. Ela olhava a menina Tereza, de nove anos, órfã de
pai e mãe, dormindo ao seu lado. Tia Maria tinha o maior
carinho pela garota e a chamava de filha. Estava para clarear o
dia 16 de fevereiro de 1933.
Maria da Graça, a tia Maria, que tinha esse nome graças
à sua delicadeza, foi alforriada pelos seus proprietários,
donos de armazéns no porto de Santos.
Muitas vezes, em vez de ir à missa na Capela de São
Benedito, ia com outros escravos, também libertos, assistir aos
rituais de candomblé, num terreiro bem escondido no meio do
mato, lá pros lados de Bertioga.
Com a encarregada do terreiro, sua mãe-de-santo, uma
escrava fugitiva descendente do povo nagô, tia Maria aprendeu
coisas que não eram consideradas normais pelos católicos da
época. Aprendeu, inclusive, que muitas doenças eram curadas
depois que as pessoas davam passagem aos seus guias espirituais,
libertando assim a mediunidade.
Maria da Graça juntou a gratificação recebida com a
carta de alforria e os trocados que ganhava vendendo quitutes
no centro da cidade. Assim, conseguiu comprar passagem em
um navio cargueiro que atracaria no país de seus avós, hoje
Guiné Bissau. Tia Maria tinha certeza de que lá encontraria seus
parentes, pois sabia tudo sobre as suas origens.
Naquele dia, ela e a menina desceriam o rio numa lancha
e embarcariam em um navio para Lisboa. De lá, viriam para o
Brasil. Tereza tinha perdido a mãe na hora de seu nascimento.
Seu pai, que também não chegou a conhecer, era soldado e
morreu durante umas das guerras na região.
A menina tinha a tristeza estampada nos olhos. Vivia
doente, estava anêmica e tinha tremores, deixados pela malária.
Muitos dos seus parentes acreditavam que ela também não
tardaria a morrer.
Foi quando tia Maria resolveu voltar ao Brasil para
procurar a salvação, que ela vira tantas vezes.
Depois de quase dois meses de viagem, as duas desembarcaram
no porto de Santos.
Com algumas economias guardadas, pois na Guiné
tinha trabalhado durante anos na colheita de bananas, tia Maria
procurou uma casa humilde para morar, antes de sair em busca
daquilo que ela tanto queria.
Quem procura, acha!
Depois de alugar um pequeno chalé de madeira lá no
Macuco, certa manhã tia Maria resolveu ir atrás de informações.
Seu vizinho, um velho estivador descendente de escravos,
deu a ela o endereço de sua filha, em São Paulo, a mãe Zoraide,
proprietária de um “centro” de umbanda, no bairro da Barra
Funda.
Sem perder tempo, tia Maria e Terezinha subiram a
serra de trem. Da estação da Luz tomaram um bonde e
dirigiram-se à Barra Funda, em busca do endereço.
Nos anos 30, em plena ditadura imposta por Getúlio
Vargas, a prática das seitas afro-brasileiras, até mesmo as
reuniões nas Lojas Maçônicas, acontecia às escondidas. Houve,
inclusive, perseguição aos freqüentadores.
Umbanda, segundo registros recentes, é um vocábulo
da língua abanheenga, falada por uma tribo do tronco tupi.
Assim, ela não tem origem nos dialetos africanos.
O termo umbanda, considerado a “Palavra Perdida”,
de Agartha, foi revelado por espíritos integrantes da “Confraria
dos Espíritos Ancestrais“. Segundo a filosofia umbandista, esses
espíritos são seres que há muito não encarnam porque atingiram
um alto grau de evolução, mas concordam em baixar nos
templos de umbanda para trazer a Luz do Conhecimento, em
nome de Oxalá, Nosso Senhor Jesus Cristo. Esses espíritos
utilizam-se da mediunidade de encarnados, previamente comprometidos
para servir de veículos às suas manifestações.
Na verdade, a eclosão do movimento umbandista decorreu
das necessidades cármicas que fizeram reunir, em solo brasileiro,
representantes das religiões afro-brasileiras, indígenas
resultantes da cisão do tronco tupi nos grupos tupi-nambá e
tupi-guarani.
Para servir ao movimento umbandista, o “Governo
Oculto do Planeta” lançou sementes deste movimento, visando
inicialmente o Brasil, para, no futuro, revelar a todos os povos
os aspectos cósmicos da doutrina. Com isto, por dentro de
vários cultos de várias raças existentes no Brasil, passaram então
a manifestar-se pela incorporação de espíritos ancestrais da
humanidade, na forma de índios, exus, caboclos, pretos-velhos,
crianças, ciganos e outras entidades.
Durante o martírio da escravidão, diante de modestos
altares católicos oferecidos pelos escravocratas, os negros podiam
dançar livremente as suas danças religiosas. Os seus senhores
imaginavam que eles dançavam à Virgem ou aos santos.
Naqueles momentos, plenos de suavidade, os africanos simplesmente
traçavam sobre o chão de terra batida suas preces
aos orixás, deixados além mar, nas terras da Guiné, de Angola,
Moçambique, Congo e tantas outras que ainda escutavam os
tambores dos negros livres.
O sincretismo religioso contribuiu, de maneira decisiva,
para tornar cada vez maior o número de sectários aos cultos
umbandistas. Esta integração, principalmente entre os católicos
e os kardecistas, facilitou os benefícios para os que buscam no
espiritismo a paz celestial.
Um dos principais orixás da umbanda é Iansã, a rainha
dos ventos e das tempestades. Ela é reverenciada entre os umbandistas
como Santa Bárbara, ou a Virgem da Coroa, e pode
aparecer na corrente mediúnica na sua própria linha e na linha
de Iemanjá, a Rainha do Mar, a Senhora das Águas. A cor de
Iansã é o amarelo-ouro.
Antigamente, quando durante uma tempestade um raio
riscava o céu, seguido do ribombar do trovão, as pessoas
exclamavam: — Santa Bárbara!
Tia Maria e Terezinha logo encontraram o endereço de
mãe Zoraide e souberam, através do seu cambone, que a babalorixá,
filha de Iansã, naquele dia estava atendendo o povo
para consultas.
Lá pelas quatro horas da tarde, as duas foram atendidas
por mãe Zoraide.
Só de olhar para a menina, mãe Zoraide, que estava
incorporada com o caboclo Sete Florestas, guia da linha de
Oxóssi, disse para a tia Maria:
— Esta filha tem de tomar banho de descarrego, e ficar
para a “gira” que vai acontecer hoje à noite.
Imediatamente mandou acender sete velas para o anjo
da guarda de Terezinha. Em seguida defumou a menina com
baforadas do seu charuto e mandou que ambas esperassem o
início das atividades do dia.
Às sete horas da noite, sob a defumação do terreiro, com
os corimbadores puxando belíssimos “pontos cantados”
dedicados a Iansã, acompanhados pelo toque dos atabaques,
teve início a gira.
Após a defumação do terreiro, quando o último filho
de santo, depois de defumado, bateu cabeça no gongá, mãe
Zoraide entrou triunfalmente com suas sete saias amarelas e
um majestoso cocar de penas verdes na cabeça. Balançando suas
guias e braceletes, saudou e abençoou a todos que cantavam:
“Santa Bárbara do céu, tira mãe d´água do mar
Santa Bárbara do céu, tira mãe d´água do mar
Montada em seu cavalo meu pai, Deus em todo lugar
Montada em seu cavalo meu pai, Deus em todo lugar
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Kaô, babalorixá
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Kaô, babalorixá”.
Entre os filhos da corrente e a assistência havia mais de
cinqüenta pessoas.
Tia Maria estava extasiada com tudo o que via e ouvia.
Não havia nem comparação com o terreiro de tantos anos atrás.
Tudo era diferente. Sentiu, enfim, que era lá o lugar certo para
todos os males de Terezinha.
Os cantos continuavam:
“Eram duas ventarolas
Duas ventarolas que sopravam sobre o mar
Eram duas ventarolas
Duas ventarolas que sopravam sobre o mar
Uma era Iansã, Ieparrê
A outra era Iemanjá, adoceah
Uma era Iansã, Ieparrê
A outra era Iemanjá, adoceah”.
Lá pelas tantas, enquanto os guias davam “passes” nos
filhos de fé da assistência, Terezinha foi chamada para falar com
o pai caboclo Sete Florestas.
Depois de fazer a menina “bater a cabeça no gongá”, e
fazê-la “girar”, o guia da babalorixá chamou tia Maria e disse:
— Essa filha tem de fazer o mais rápido possível, em
nossa “camarinha”, um “buri” para Xangô, seu pai de cabeça,
se não ela desencarna!
Com a voz típica e sotaque indígena, e segurando a
menina nos braços, ordenou um “toque” para Xangô.
Todos os médiuns, incorporados ou não, aproximaramse
de Terezinha e acompanharam os atabaques com um toque
dolente dos “alabês”, cantando:
“Bateu seis horas quando os sinos tocavam
Nas samambaias, cidade da Jurema
Bateu seis horas quando o sino tocou
Com licença de Zambi, saravá Pai Xangô”.
Quando a “gira” terminou, Tia Maria quis conhecer os
detalhes para a “camarinha” de Terezinha.
Ficou sabendo que para a iniciação e a continuação de
Terezinha na umbanda, se ela quisesse, principalmente naquele
terreiro, seriam necessários alguns dias até a cerimônia do
“buri” para Xangô.
Sem pestanejar, Tia Maria aceitou.
Mudaram-se para São Paulo e foram morar na Barra
Funda.
A primeira providência foi o batizado de Terezinha
segundo os fundamentos da umbanda.
Como filha de Xangô-Kaô, orixá moço das águas e das
pedreiras que na religião católica é São João Batista, o batismo
de Terezinha teve lugar nas águas de uma cachoeira, lá na serra
da Cantareira.
Em seguida seguiram-se os preparativos para a “camarinha”.
O dia marcado para a iniciação da cerimônia foi escolhido
de acordo com a numerologia, tendo com base o dia, mês
e ano do nascimento de Terezinha.
Todas as ferramentas, materiais e utensílios que seriam
usados, vestimentas, chinelos, sabonetes, roupas de cama e
banho, travesseiros e outros acessórios, foram providenciados.
Os alimentos dos santos, comidos com as mãos, que seriam
preparados e cozidos com amendoins torrados em panela de
barro, pedaços de abóbora madura, cebola roxa, coco maduro
ralado, alho roxo, todos cruzados com azeite de dendê, também
foram entregues no “centro”. Não se usa sal nesta comida. A
água seria trazida das fontes e das cachoeiras em garrafões de
vidro e serviria para os banhos e para beber.
O filho em obrigação precisa tomar muita água para
uma maior purificação do corpo.
As ferramentas para a defesa do filho assentado sete dias
na “camarinha” são, principalmente, contra os “eguns”, espíritos
ainda não desenvolvidos que podem atrapalhar ou prejudicar
o filho em obrigação. Tais ferramentas são compostas de
braceletes e um cordão-de-cintura, feitos com palhas bem
preparadas e cruzadas.
As vestimentas, os chinelos, roupas de cama e banho,
travesseiros e sabonetes, além de virgens devem ser brancos.
Os acessórios como cântaros, vasos, bacias, pratos e
outros utensílios também devem ser virgens e de barro.
Sob os cuidados de mãe Zoraide e seus guias, além de
alguns filhos do terreiro, Terezinha foi preparada, durante os
setes dias e as sete noites, para a cerimônia de saída.
Terezinha saiu médium desenvolvida com as glórias de
pai Oxalá, Xangô e Iansã, e continuou a freqüentar religiosamente
o terreiro.
Lá foi crescendo na idade e na espiritualidade. Já mãepequena,
com o falecimento de mãe Zoraide, sob todos os
preceitos da umbanda, tornou-se a nova babalorixá.
Infelizmente tia Maria não viveu para ver esse grandioso
dia!
Até morrer, com quase oitenta anos, mãe Terezinha de
Xangô, como ficou conhecida, praticou a caridade e exerceu
um poder espiritual exemplar sobre a sua comunidade.
Muito doente, faleceu em 2003.
Todos os seus filhos e admiradores que ainda vivem
pedem a proteção da saudosa e querida mãezinha.
Saravá, mãe Zoraide!
Saravá, mãe Terezinha!


"Este Conto está publicado no livro "CONTOS E RECONTOS" de Roberto Stavale, lançado pela FACTASH EDIDORA, em 2004, e o Copyright do Autor reza: Proibida a reprodução dos textos originais, mesmo parcial, e por qualquer processo, sem a autorização do Autor."
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