DIAS FRIOS
De dias frios se formam os meus poemas.
A covardia apoderou-se de mim e perdi a identidade. Sou mais um que se faz de cego num "castelo de culpados e inocentes".
Tá ouvindo o vento lá fora, está reclamando da minha covardia e de alguns passos de falsidade e cegueira que aprendi.
Mas, o melhor que está em mim não me deixa em paz. Perdi minha voz, misturei-me aos "cegos" que "pensam" que são e não são o que devem ser.
Onde estás que não respondes, pergunto eu a mim mesmo.
A minha alma chora tanto que dias frios escrevo meus poemas.
A cada dia que passa recrio-me. O tempo, amigos e inimigos, as ocasioões e situações, oferece-me um giro de 360º graus em torno do meu eu, que as vezes quando olho no espelho sei que não sou mais eu.
Por isso, as vezes choro... Mas chorar não traz resultados, e preciso de resultados.
Então penso no que falo e nas ações, e o que seriam das palavras sem as ações.
Seriam vazias como um papel rolando ao vento.
O dia está frio, e gostaria que considerasse minha poesia com um tom de amor que fugiu e de um guerrilheiro que ainda não está morto.
Portanto, há sempre respostas para tudo, e todas estão dentro de cada um de nós.
Vou seguir, porque é necessário caminhar para não morrer.
Uma vez que a consciência que acusa-me permitiu escrever esta poesia, digo-vos que vou atravessar madrugas, até o amanhecer, tentando entender que a vida é assim e não, desvendando e aprendendo que é preciso morrer para renascer.
Nos dias frios que agora escrevo serão longos poemas de verão ensolarados, e de longas noites estreladas de luas inteiras. |