Falta-me a poesia doce,
tuas andanças na pele.
Como tivesse perdido o instante
daquela primeira hora.
Andei demais por aí.
Agora tenho menos horas no dia,
tudo voa.
Perdi a palavra, o lume.
Apenas quedo-me, contemplando
os vermelhos do poente,
os laranjas da aurora.
Dei-me horas, penso,
para sentir-me.
Sentindo-me,
percebi tua ausência,
sem a velha adaga no peito.
Como se me acostumasse a tudo.
Como se precisasses, tu, retomar-me.
Faz-me falta
como eras,
quando não me sabias inteira
Corre, homem,
corre.
Estou de novo pasma,
olhando o tempo como antes.
Posso ver coisas e gente.
Há perigo nessa contemplação.
Não me gosto assim, solta.
Preciso de laços, fios finos de paixão.
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