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Cronicas-->Um coreto, um jardim, uma saudade -- 11/01/2004 - 15:07 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Um coreto, um jardim, uma saudade" ou algo assim, é o nome de um programa que estou ouvindo agora, pela rádio USP (Universidade de S.Paulo).

O que me levou a lembrar das poucas vezes que andei por um jardim, naquela roda amorosa dos sábados de noite. As garotas rodando pelo lado interno do jardim, os rapazes,postados pelas beiras das calcadas. Tanto as meninas quanto os rapazes fingiam estar envolvidos em conversas que nada tinham a ver a com as passantes ou os parados por lá.

Na minha segunda rodada, vi que um dos rapazes se descolou do seu grupinho e foi nos seguindo. Minhas duas amigas me olharam rindo, me dizendo: "É pra vc, Érica! É com você, Érica!"

Ingênua e inexperiente e, ainda por cima, paulistana, não consegui absorver a cerimónia do momento. Esperava-se que eu tinha de dar uma abertura para o pobre Romeu da Praça. Eu tinha de facilitar a vida dele, e como? As experientes moradoras do lugar me deram o script, colando a boca no meu ouvido: "Demore um pouco. Nao vem com a gente, nao. Mostra pra ele que vc está interessada..."- Eu, interessada? Estava era tremendo de medo. Nunca tinha sido cortejada em público, assim, sem sequer pedir com os olhos, nada da minha parte. A iniciativa era toda dele. Eu estava perdendo em controle da situação. Mas minhas amigas foram categóricas: apressaram o passo e se afastaram de mim. Fiquei sozinha.
O Romeu foi chegando e começou a andar ao meu lado. Virou-se pra mim e perguntou:
-- De S.Paulo?
Não respondi. Ele insistiu:
- Fala brasileiro?
Continuei no meu passo, já meio trópego.
- Quero só conversar-- ele tentou me acalmar.
Aí me voltei para ele, olhei-o nos olhos e me dei conta que o rapaz tinha os olhos mais lindos deste mundo. Escuros, um tanto castanhos, mas mais para o escuro. E sorridentes. E aí lhe sorri. E ele abriu a linda boca num largo sorriso também.
Que pena! Seu dente canino natural tinha sido substituído por um brilhante, glorioso, resplandecente dente de ouro. Que pena! Minha admiração genuína, verdadeira e transparente nos meus 14 anos inexperientes, mas envernizados pelos valores urbanos paulistanos,reprovou organicamente aquele dente de ouro. Nada mais - vejo hoje - que um apêndice vaidoso de um menino rico do interior. Nada mais. Mas como me mordeu! Adeus, garoto vaidoso, do dente de ouro. Deixei-o ali, plantado e inconsolável... sorrindo amarelo, da cor do dente.
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