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Infantil-->Neve Branquinha e Rosa Vermelha- Lenda dos irmãos Grimm -- 11/02/2003 - 21:38 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Veja mais>>>Fáb. selecionadas de Esopo (LXXII)- Zeus e o camelo

Neve Branquinha e Rosa Vermelha- Lenda dos irmãos Grimm
texto


Uma pobre viúva morava em um chalé solitário, diante do qual havia um jardim, onde duas roseiras floresceram, uma dando rosas brancas e a outra, vermelhas. E a viúva tinha duas crianças que se assemelhavam às duas roseiras, sendo que a primeira se chamava Neve Branquinha e a outra, Rosa Vermelha. Eram meninas comuns, muito dóceis e bondosas, trabalhadeiras e incansáveis, como duas crianças bem criadas neste mundo; Neve Branquinha era, apenas, mais quieta e mais calma que Rosa Vermelha. Esta gostava muito de correr pelos prados e clareiras ao redor, buscava flores e pegava pássaros no verão; Neve Branquinha, porém, ficava com sua mãe, arrumando a casa ou fazendo leituras, quando folgada. Ambas as meninas eram muito afetuosas, estavam sempre de mãos dadas e, quando passeavam, Neve Branquinha dizia:
—Seremos sempre muito unidas.
E Rosa Vermelha respondia, assim:
— Enquanto vivermos!
E a mãe completava:
—O que uma ganhar deverá dividir com a outra.
Elas sempre corriam sozinhas em volta da floresta e colhiam frutas vermelhas, mas nenhum animal as importunava e, por isso, elas caminhavam sempre confiantes: a lebre comia folha de repolho das suas mãos, os cervos pastavam ao lado delas, o veado passava por elas saltando alegremente, e os pássaros ficavam de pé sobre os ramos, e cantavam cancões que somente eles sabiam cantar. Nenhum acidente acontecia com elas – quando elas se atrasavam na floresta e a noite as apanhava de surpresa, elas se postavam ao lado de um musgo e dormiam, até que a manhã chegasse; e a mãe sabia disso e não se preocupava com elas.
Certa vez, quando pernoitaram na floresta e o o crepúsculo matutino as despertou, elas viram uma criança bonita com um brilhante vestidinho branco, assentada ao lado do acampamento delas. Ela levantou-se, olhou muito amavelmente para elas, nada lhes disse, e caminhou para dentro da floresta. E, então, entreolhando-se, elas viram que tinham dormido bastante próximo a um abismo e, certamente, teria nele caído se, na escuridão, tivessem continuado com mais alguns passos. A mãe lhes lembrou que o anjo as protegeu.
Neve Branquinha e Rosa Vermelha mantinham o chalé de sua tão limpo que era uma alegria olhar lá pra dentro. No verão, Rosa Vermelha arrumava a casa e, em todas as manhãs, antes que sua mãe acordasse ela punha um buquê de flores, em frente a sua cama, sempre com uma rosa de cada roseira. Durante o inverno, Neve Branquinha acendia o fogo e colocava a chaleira na trempe; e a chaleira, embora de bronze, brilhava como ouro, de tão bem areada que era. À noite, quando caíam os flocos, a mãe dizia:
— Vá, Neve Branquinha, fecha o trinco na porta.
Só então, elas chegavam para perto da lareira, a mãe pegava seus óculos para ler de um livro grande, as duas meninas escutavam, assentadas e estiradas; um carneirinho ficava no chão, ao lado delas e, atrás, um poleiro sustentava um pombinho branco, cuja cabeça ficava escondida pela asa esquerda. Uma noite, quando se assentaram muito confiantes, alguém bateu à porta como se quisesse ser um convidado. A mãe disse:
—Rápido, Rosa Vermelha, abre, pode ser um caminheiro que procura abrigo .
Rosa Vermelha abriu o trinco e pensou que fosse um pobre homem, mas não era isto, era um urso que estirou sua gorda cabeça preta pela porta. Ruidosamente, Rosa Vermelha gritou e saltou para trás; o carneirinho berrou, o pombinho voou para cima e Neve Branquinha escondeu-se atrás da cama da mãe. Mas, balbuciando no início, o urso conseguiu falar:
— Não tenham nenhum medo, eu não sou mau, eu estou é meio enregelado e quero, apenas, esquentar-me um pouquinho ao lado de vocês.
— Oh, pobre urso, disse a mãe, chegue pra perto da lareira, mas, com cuidado, para não queimar sua pele.
Então, ela chamou as meninas:
— Neve Branquinha, Rosa Vermelha, venham pra cá, o urso não é mau, ele parece honesto .
Assim, elas voltaram logo e, também, de mansinho chegaram o carneirinho e o pombinho, sem que ninguém tivesse medo dele mais. O urso disse:
— Crianças, batam um pouco a neve da minha pelagem.
E elas empunharam vassouras e varreram a pele do urso; então, ele se estirou perto da lareira e uivou bastante feliz e confortável. Daí a pouco, eles já estavam íntimos e elas já brincavam com o desajeitado hóspede. Elas puxavam os seus pêlos com as mãos, punham os seus pés sobre suas costas e patinavam nele, pra lá e pra cá, ou pegavam uma castanha e faziam com que ele a engolisse e, quando ele uivava, elas riam muito. O urso tolerava todas as travessuras, alegremente, mas, quando havia algum abuso, pedia:
— Oh. deixem-me viver, crianças. Neve Branquinha, Rosa Vermelha, eu estou muito fraco.
Quando chegou a hora de dormir e as meninas foram para suas camas, a mãe disse ao urso:
— Com Deus! Você pode ficar aí, perto da lareira; assim, você está bem protegido do frio e do mau tempo.
Assim que o dia amanheceu, as duas crianças o deixaram sair, e ele trotou sobre a neve pela floresta adentro. Daí em diante, o urso vinha toda noite, sempre na mesma hora, punha-se perto da lareira e permitia que as crianças brincassem com ele um pouco, do jeito que elas quisessem; e elas ficaram tão amigas dele que a porta não ficava mais com o trinco fechado, enquanto o amigão não chegasse. Certa manhã, quando chegou a primavera e tudo ficou verde lá fora, o urso disse para Neve Branquinha:
— Hoje eu tenho de sair e devo voltar só depois do verão.
— Para onde você vai, querido urso? perguntou Neve Branquinha.
— Vou para a floresta, a fim de proteger minhas riquezas dos anões maus; no inverno, quando a terra está congelada, eles têm que permanecer bem abaixo e não podem tentar nada, mas, agora, o sol descongelou e a terra a esquentou. Então, eles vão subir à procura das coisas e roubar. O que conseguem apanhar, facilmente, e levar para suas cavernas, nunca mais volta à luz do dia.
Neve Branquinha ficou muita triste com a despedida e, quando ela abriu o trinco da porta para ele, ao sair, o urso arranhou-se na tramela da porta, um pedaço da sua pele rasgou-se e, para Neve Branquinha soou como ouro; mas não deu importância ao ato. O urso apressou-se e logo, logo, desapareceu entre as árvores.
Depois de algum tempo, a mãe enviou as crianças à floresta, a fim de apanharem lenha. Então, bem longe, elas acharam uma árvore grande tombada no chão, e do seu tronco saltava algo pra cima e pra baixo, porém, elas não sabiam dizer o que era. Quando elas se aproximaram, elas viram um anão de rosto envelhecido e murcho, com uma longa barba, branquinha como neve. A ponta da barba estava agarrada numa rachadura da árvore e o anão saltava pra lá e pra cá, como um cãozinho numa corda e não sabia como se socorrer. Ele encarou as meninas com seus olhos vermelhos como brasa, e gritou:
— O que estão fazendo aí, paradas? Será que não podem vir aqui e me ajudar?
— Como você ficou preso, pequeno homem?
Perguntou Rosa Vermelha.
— Tola , bisbilhoteira, o anão respondeu, eu quis cortar a árvore para ter lenha na cozinha; com a lenha grossa cozinhamos logo a pouca comida que precisamos, não comemos em excesso como o seu rude e ganancioso povo. Eu trabalhei bem até o ponto de corte, e tudo estava dando certo, mas, a maldita madeira estava escorregadia demais e pulou, inesperadamente, e a árvore caiu tão rápido que não pude tirar minha bela barba da sua direção; agora, ela está agarrada aí, e eu não consigo tirá-la. Somente ri disso quem é um tolo jovem ainda sem barba! Oh, quanta sordidez !
As crianças fizeram todo o esforço, contudo, elas não conseguiram tirar a barba do anão. pois, ela estava muito presa no fundo da rachadura.
— Vou correndo buscar ajuda de mais alguém. Disse Rosa Vermelha.
— Ô cabeça de ovelha louca, xingou o anão, pra quê chamar logo outras pessoas pra cá, vocês e eu já somos muitos; já não basta para vocês?
— Não fique impaciente, disse Neve Branquinha , preciso raciocinar.
Ela tirou sua tesourinha da bolsa e cortou a ponta da barba. Tão logo o anão se sentiu livre, ele pegou um saco em que estavam as raízes da árvore e, por baixo, muito ouro, tirou-as e sussurrou para si mesmo:
— Que indelicadeza, cortar um pedaço de minha estimada barba... Vocês vão pagar o que, agora, me falta ! Em seguida, colocou o saco nas costas e foi embora, sem dar nem mesmo um olhar de despedida para as crianças.
Algum tempo depois, Neve Branquinha e Rosa Vermelha quiseram ir pescar um peixe para fazer dele um bom prato. Quando estavam próximas do riacho, viram algo como um gafanhoto grande em volta da água, como se quisesse mergulhar nela. Elas correram para lá e reconheceram o anão.
— Para onde você quer ir? perguntou Rosa Vermelha, você não vai pular aí, vai?
— Eu não sou bobo, gritou o anão, você não vê que o maldito peixe amaldiçoado quer me puxar?
Então, a pequena viu que ele tinha pescado um peixe de porte e, infelizmente, o vento havia feito com que sua barba ficasse enrolada na linha com o anzol; com o pesado peixe já fisgado, aquela frágil criatura não estava tendo forças para bicheirá-lo e puxá-lo para o barranco: o peixe vencia a luta e puxava o anão para o seu lado. O anão agarrava-se nos talos e juncos, mas isso não ajudava muito, e sujeitava-se aos movimentos do peixe, e corria grande perigo de ser puxado para a água. As meninas chegaram no momento certo, seguraram-no firmemente, e tentaram desatar a barba da linha, mas, em vão: a barba e a linha estavam enroladas de mais da conta, uma na outra. Nada mais restou, a não ser pegar a tesourinha e cortar a barba, ainda que se perdesse uma pequena parte dela. Quando o anão viu aquilo, gritou:
— Isso são modos, maria sapuda, maltratar a face de uma pessoa? Já não basta haver cortado a ponta da minha barba e, agora, você tem que cortar logo a parte que eu mais gosto dela? Não posso admitir que não vou mais ver o que é meu. É como se eu quisesse correr e você me fizesse perder as solas do sapato!
Então, ele pegou um saco de pérolas no meio dos juncos e, sem dizer uma palavra a mais, ele o arrastou e desapareceu atrás de uma rocha.
Pouco tempo depois, ocorreu à mãe enviar as duas meninas à cidade, a fim de que elas comprassem linhas, agulhas, laços e fitas. Elas partiram por um caminho em que havia um brejo com altas pedras espalhadas, aqui e acolá. Lá, elas viram um grande pássaro voando baixo, lentamente, em volta delas, até que começou a descer e, finalmente, foi de ponta-cabeça em direção a uma daquelas pedras. Logo após, elas ouviram um grito agudo, de desespero. Elas correram pra lá e viram, com espanto, que a águia tinha agarrado um velho conhecido, o anão, querendo decolar novamente com ele em suas garras. As piedosas crianças seguraram-no, firmemente, e lutaram muito tempo com a águia, até que ela acabou por largar a sua presa. Quando o anão já havia se recuperado do primeiro susto, ele gritou com uma voz aguda:
— Vocês não poderiam ser mais delicadas comigo? Vocês rasgaram tanto minha fina calça que ela ficou picotada e furada por todas as partes. Vocês são mesmo umas tralhas, bobas e desajeitadas! Em seguida, ele pegou um saco com pedras preciosas e sumiu, novamente, entre as pedras, até chegar a sua caverna. As meninas, já acostumadas com a ingratidão dele, continuaram sua caminhada e foram cuidar das compras na cidade. Quando elas voltavam para casa, passando pelo mesmo brejo, foram surpreendidas pelo anão, que despejou as pedras preciosas do seu saco num lugar bem limpo, sem imaginar que tão cedo alguém viesse a passar por ali. O sol da tardinha batia nas brilhantes pedras, que vislumbravam e reluziam tão magnificamente em todas as cores, que as crianças pararam e ficaram admirando-as.
— O que vocês estão fazendo aí com essas bocas de macaco, fora de hora? Gritou o anão, e sua cara cinzenta ficou vermelha de raiva. Ele quis continuar com seus insultos, quando escutou o uivar alto de um urso preto que saia da floresta. Apavorado, o anão saltou para cima, mas, já não podia mais se esconder, pois, o urso já estava bem perto dele. Então, de coração aflito, ele falou:
— Querido Sr. Urso, poupe minha vida. Em troca, eu lhe dou todos os meus tesouros. Veja estas belas pedras preciosas. Dê-me a vida de presente, pois, sou pequeno e desprezível para você. Nem seria percebido pelos seus dentes. Pegue você aquelas duas incrédulas meninas, tenros petiscos, gordinhas como
codornas. Alimente-se com elas, em nome de Deus.
O urso não se importou com suas palavras e deu um único tapa com sua pata na malvada criatura que não se moveu mais. As meninas ficaram sobressaltadas e
correram, mas o urso as chamou logo:
— Neve Branquinha e Rosa Vermelha, não tenham medo, vou acompanhá-las.
Foi quando elas reconheceram sua voz e pararam. Quando o urso já estava com elas, de repente, caiu com toda a sua pelagem e levantou-se já como um
homem bonito, todo coberto de ouro.
— Eu sou o filho de um rei, disse ele, e aquele anão é um feiticeiro pagão que, querendo roubar meus tesouros, usou da sua magia para transformar-me em um urso selvagem, e assim eu deveria ficar enquanto ele vivo estivesse. Agora, ele recebeu o seu bem merecido castigo.
Neve Branquinha casou-se com ele, e Rosa Vermelha com o irmão dele, e eles dividiram os grandes tesouros que o anão tinha ajuntado e levado para sua
caverna.
A velha mãe ainda viveu tranqüila e muito feliz, por longos anos, com suas filhas. E, para se lembrar do chalé, ela levou consigo as duas roseirinhas e transplantou-as para um jardim em frente a sua janela. E, anualmente, elas produziram as mais belas rosas, brancas e vermelhas.
Fonte:www.udoklinger.de
























































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Uma pobre viúva morava em um chalé solitário, diante do qual havia um jardim, onde duas

roseiras floresceram, uma dando rosa brancas e a outra, vermelhas. E a viúva tinha duas

crianças que se assemelhavam às duas roseiras, sendo que a primeira se chamava Neve

Branquinha e a outra, Rosa Vermelha. Eram meninas comuns, muito dóceis e bondosas,

trabalhadeiras e incansáveis, como duas crianças bem criadas neste mundo; Neve

Branquinha era, apenas, mais quieta e mais calma que Rosa Vermelha. Esta gostava

muito de correr pelos prados e clareiras ao redor, buscava flores e pegava

pássaros no verão; Neve Branquinha, porém, ficava com sua mãe, arrumando a casa

ou fazendo leituras, quando folgada. Ambas as meninas eram muito afetuosas,

estavam sempre de mãos dadas e, quando passeavam, Neve Branquinha dizia:

"Seremos sempre muito unidas."

E Rosa Vermelha respondia, assim:

"Enquanto vivermos!"

E a mãe completava:

"O que uma ganhar deverá dividir com a outra."

Elas sempre corriam sozinhas em volta da floresta e colhiam frutas vermelhas, mas nenhum

animal as importunava e, por isso, elas caminhavam sempre confiantes: a lebre

comia folha de repolho das suas mãos, os cervos pastavam ao lado delas, o veado

passava por elas saltando alegremente, e os pássaros ficavam de pé sobre os ramos, e

cantavam cancões que somente eles sabiam cantar. Nenhum acidente acontecia com elas –

quando elas se atrasavam na floresta e a noite as apanhava de surpresa, elas se postavam

ao lado de um musgo e dormiam, até que a manhã chegasse; e a mãe sabia disso e não se

preocupava com elas.

Certa vez, quando pernoitaram na floresta e o o crepúsculo matutino as despertou, elas

viram uma criança bonita com um brilhante vestidinho branco, assentada ao lado do

acampamento delas. Ela levantou-se, olhou muito amavelmente para elas, nada lhes disse,

e caminhou para dentro da floresta. E, então, entreolhando-se, elas viram que tinham

dormido bastante próximo a um abismo e, certamente, teria nele caído se, na escuridão,

tivessem continuado com mais alguns passos. A mãe lhes lembrou que o anjo as protegeu.

Neve Branquinha e Rosa Vermelha mantinham o chalé de sua tão limpo que era uma alegria

olhar lá pra dentro. No verão, Rosa Vermelha arrumava a casa e, em todas as manhãs,

antes que sua mãe acordasse ela punha um buquê de flores, em frente a sua cama, sempre

com uma rosa de cada roseira. Durante o inverno, Neve Branquinha acendia o fogo e

colocava a chaleira na trempe; e a chaleira, embora de bronze, brilhava como ouro, de

tão bem areada que era. À noite, quando caíam os flocos, a mãe dizia:

"Vá, Neve Branquinha, fecha o trinco na porta."

Só então, elas chegavam para perto da lareira, a mãe pegava seus óculos para ler de um

livro grande, as duas meninas escutavam, assentadas e estiradas; um carneirinho ficava

no chão, ao lado delas e, atrás, um poleiro sustentava um pombinho branco, cuja cabeça

ficava escondida pela asa esquerda.

Uma noite, quando se assentaram muito confiantes, alguém bateu à porta como se quisesse

ser um convidado. A mãe disse:

"Rápido, Rosa Vermelha, abre, pode ser um caminheiro que procura abrigo".

Rosa Vermelha abriu o trinco e pensou que fosse um pobre homem, mas não era isto, era um

urso que estirou sua gorda cabeça preta pela porta. Ruidosamente, Rosa Vermelha gritou e

saltou para trás; o carneirinho berrou, o pombinho voou para cima e Neve Branquinha

escondeu-se atrás da cama da mãe. Mas, balbuciando no início, o urso conseguiu falar:

"Não tenham nenhum medo, eu não sou mau, eu estou é meio enregelado e quero, apenas,

esquentar-me um pouquinho ao lado de vocês."

"Oh, pobre urso,"

disse a mãe,

"chegue pra perto da lareira, mas, com cuidado, para não queimar sua pele."

Então, ela chamou as meninas:

"Neve Branquinha, Rosa Vermelha, venham pra cá, o urso não é mau, ele parece honesto".

Assim, elas voltaram logo e, também, de mansinho chegaram o carneirinho e o pombinho,

sem que ninguém tivesse medo dele mais. O urso disse:

"Crianças, batam um pouco a neve da minha pelagem."

E elas empunharam vassouras e varreram a pele do urso; então, ele se estirou perto da

lareira e uivou bastante feliz e confortável. Daí a pouco, eles já estavam íntimos e

elas já brincavam com o desajeitado hóspede. Elas puxavam os seus pêlos com as mãos,

punham os seus pés sobre suas costas e patinavam nele, pra lá e pra cá, ou pegavam uma

castanha e faziam com que ele a engolisse e, quando ele uivava, elas riam muito. O

urso tolerava todas as travessuras, alegremente, mas, quando havia algum abuso, pedia:

"Oh. deixem-me viver, crianças. Neve Branquinha, Rosa Vermelha, eu estou muito fraco."

Quando chegou a hora de dormir e as meninas foram para suas camas, a mãe disse ao:

"Com Deus! Você pode ficar aí, perto da lareira; assim, você está bem protegido do

frio e do mau tempo."

Assim que o dia amanheceu, as duas crianças o deixaram sair, e ele trotou sobre a neve

pela floresta adentro.

Daí em diante, o urso vinha toda noite, sempre na mesma hora, punha-se perto da

lareira e permitia que as crianças brincassem com ele um pouco, do jeito que elas

quisessem; e elas ficaram tão amigas dele que a porta não ficava mais com o trinco

fechado, enquanto o amigão não chegasse.

Certa manhã, quando chegou a primavera e tudo ficou verde lá fora, o urso disse

para Neve Branquinha:

"Agora eu devo fora e não posso voltar o verão inteiro.

" Hoje eu tenho de sair e devo voltar só depois do verão."

"Para onde você vai, querido urso?" perguntou Neve Branquinha.

"Vou para a floresta, a fim de proteger minhas riquezas dos anões maus; no inverno,

quando a terra está congelada, eles têm que permanecer bem abaixo e não podem tentar

nada, mas, agora, o sol descongelou a terra e a esquentou. Então, eles vão subir à

procura das coisas e roubar. O que conseguem apanhar, facilmente, e levar para suas

cavernas, nunca mais volta à luz do dia.

Neve Branquinha ficou muita triste com a despedida e, quando ela abriu o trinco da

porta para ele, ao sair, o urso arranhou-se na tramela da porta, um pedaço da sua

pele rasgou-se e, para Neve Branquinha soou como ouro; mas não deu importância ao

ato. O urso apressou-se e logo, logo, desapareceu entre as árvores.

Depois de algum tempo, a mãe enviou as crianças à floresta, a fim de apanharem

lenha. Então, bem longe, elas acharam uma árvore grande tombada no chão, e do seu

tronco saltava algo pra cima e pra baixo, porém, elas não sabiam dizer o que era.

Quando elas se aproximaram, elas viram um anão de rosto envelhecido e murcho, com

uma longa barba, branquinha como neve. A ponta da barba estava agarrada numa

rachadura da árvore e o anão saltava pra lá e pra cá, como um cãozinho numa corda

e não sabia como se socorrer.

Ele encarou as meninas com seus olhos vermelhos como brasa, e gritou.

"O que estão fazendo aí, paradas? Será que não podem vir aqui e me ajudar?"

"Como você ficou preso, pequeno homem?"

Perguntou Rosa Vermelha.

"Tola , bisbilhoteira,"

o anão respondeu,

"eu quis cortar a árvore para ter lenha na cozinha; com a lenha grossa cozinhamos

logo a pouca comida que precisamos, não comemos em excesso como o seu rude e

ganancioso povo. Eu trabalhei bem até o ponto de corte, e tudo estava dando certo,

mas, a maldita madeira estava escorregadia demais e pulou, inesperadamente, e a

árvore caiu tão rápido que não pude tirar minha bela barba da sua direção; agora,

ela está agarrada aí, e eu não consigo tirá-la. Somente ri disso quem é um tolo

jovem ainda sem barba! Oh, quanta sordidez"!

As crianças fizeram todo o esforço, contudo, elas não conseguiram tirar a barba

do anão. pois, ela estava muito presa no fundo da rachadura.

"Vou correndo buscar ajuda de mais alguém."

Disse Rosa Vermelha.

"Ô cabeça de ovelha louca,"

xingou o anão,

pra quê chamar logo outras pessoas pra cá, vocês e eu já somos muitos; já não

basta para vocês?"

"Não fique impaciente,"

disse Neve Branquinha ,

"preciso raciocinar."

tirou sua tesourinha da bolsa e cortou a ponta da barba. Tão logo o anão se

sentiu livre, ele pegou um saco em que estavam as raízes da árvore e, por baixo,

muito ouro, tirou-as e sussurrou para si mesmo:

"Que indelicadeza, cortar um pedaço de minha estimada barba Vocês vão pagar o que,

agora, me falta"!

Em seguida, colocou o saco nas costas e foi embora, sem dar nem mesmo um olhar de

despedida para as crianças.

Algum tempo depois, Neve Branquinha e Rosa Vermelha quiseram ir pescar um peixe

para fazer dele um bom prato. Quando estavam próximas do riacho, viram algo como

um gafanhoto grande em volta da água, como se quisesse mergulhar nela. Elas

correram para lá e reconheceram o anão.

"Para onde você quer ir?"

perguntou Rosa Vermelha,

"você não vai pular aí, vai?"

"Eu não sou bobo,"

gritou o anão,

"você não vê que o maldito peixe amaldiçoado quer me puxar?"

Então, a pequena viu que ele tinha pescado um peixe de porte e, infelizmente, o

vento havia feito com que sua barba ficasse enrolada na linha com o anzol; com o

pesado peixe já fisgado, aquela frágil criatura não estava tendo forças para

bicheirá-lo e puxá-lo para o barranco: o peixe vencia a luta e puxava o anão para

o seu lado. O anão agarrava-se nos talos e juncos, mas isso não ajudava muito, e

sujeitava-se aos movimentos do peixe, e corria grande perigo de ser puxado para a

água. As meninas chegaram no momento certo, seguraram-no firmemente, e tentaram

desatar a barba da linha, mas, em vão: a barba e a linha estavam enroladas de

mais da conta, uma na outra. Nada mais restou, a não ser pegar a tesourinha e

cortar a barba, ainda que se perdesse uma pequena parte dela. Quando o anão viu

aquilo, gritou:

"Isso são modos, maria sapuda, maltratar a face de uma pessoa? Já não basta haver

cortado a ponta da minha barba e, agora, você tem que cortar logo a parte que eu

mais gosto dela? Não posso admitir que não vou mais ver o que é meu. É como se eu

quisesse correr e você me fizesse perder as solas do sapato!"

Então, ele pegou um saco de pérolas no meio dos juncos e, sem dizer uma palavra a

mais, ele o arrastou e desapareceu atrás de uma rocha.

Logo depois, ocorreu à mãe enviar as duas meninas à cidade, a fim de que elas

comprassem linhas, agulhas, laços e fitas. Elas partiram por um caminho em que

havia um brejo com altas pedras espalhadas, aqui e acolá. Lá, elas viram um grande

pássaro voando baixo, lentamente, em volta delas, até que começou a descer e,

finalmente, foi de ponta-cabeça em direção a uma daquelas pedras.

Logo após, elas ouviram um grito agudo, de desespero. Elas correram pra lá e viram,

com espanto, que a águia tinha agarrado um velho conhecido, o anão, querendo

decolar novamente com ele em suas garras. As piedosas crianças seguraram-no,

firmemente, e lutaram muito tempo com a águia, até que ela acabou por largar a sua

presa. Quando o anão já havia se recuperado do primeiro susto, ele gritou com uma

voz aguda:

"Vocês não poderiam ser mais delicadas comigo? Vocês rasgaram tanto minha fina

calça que ela ficou picotada e furada por todas as partes. Vocês são mesmo umas

tralhas, bobas e desajeitadas!"

Em seguida, ele pegou um saco com pedras preciosas e sumiu, novamente, entre as

pedras, até chegar a sua caverna. As meninas, já acostumadas com a ingratidão

dele, continuaram sua caminhada e foram cuidar das compras na cidade. Quando

elas voltavam para casa, passando pelo mesmo brejo, foram surpreendidas pelo

anão, que despejou as pedras preciosas do seu saco num lugar bem limpo, sem

imaginar que tão cedo alguém viesse a passar por ali. O sol da tardinha batia

nas brilhantes pedras, que vislumbravam e reluziam tão magnificamente em todas

as cores, que as crianças pararam e ficaram admirando-as.

"O que vocês estão fazendo aí com essas bocas de macaco, fora de hora?"

Gritou o anão, e sua cara cinzenta ficou vermelha de raiva. Ele quis continuar

com seus insultas, quando escutou um uivar alto de um urso preto que saia da

floresta. Apavorado, o anão saltou para cima, mas, já não podia mais se

esconder, pois, o urso já estava bem perto dele. Então, de coração aflito,

ele falou:

"Querido Sr. Urso, poupe minha vida. Em troca, eu lhe dou todos os meus

tesouros. Veja estas belas pedras preciosas. Dê-me a vida de presente, pois,

sou pequeno e desprezível para você. Nem seria percebido pelos seus dentes.

Pegue você aquelas duas incrédulas meninas, tenros petiscos, gordinhas como

codornas. Alimente-se com elas, em nome de Deus."

O urso não se importou com suas palavras e deu um único tapa com sua pata na

malvada criatura que não se moveu mais. As meninas ficaram sobressaltadas e

correram, mas o urso as chamou logo:

"Neve Branquinha e Rosa Vermelha, não tenham medo, vou acompanhá-las."


Foi quando elas reconheceram sua voz e pararam. Quando o urso já estava com

elas, de repente, caiu com toda a sua pelagem e levantou-se já como um

homem bonito, todo coberto de ouro.

"Eu sou o filho de um rei,"

disse ele,

"e aquele anão é um feiticeiro pagão que, querendo roubar meus tesouros,

usou da sua magia para transformar-me em um urso selvagem, e assim eu

deveria ficar enquanto ele vivo estivesse. Agora, ele recebeu o seu bem

merecido castigo.

Neve Branquinha casou-se com ele e Rosa Vermelha com o irmão dele, e eles

dividiram os grandes tesouros que o anão tinha ajuntado e levado para sua

caverna. A velha mãe ainda viveu tranqüila e muito feliz, por longos anos,

com suas filhas. E, para se lembrar do chalé, ela levou consigo as duas

roseirinhas e transplantou-as para um jardim em frente a sua janela. E,

anualmente, elas produziram as mais belas rosas, brancas e vermelhas.

Fonte:www.udoklinger.de

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