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Artigos-->APENAS MÉDICOS - para Gabriel Salgado -- 14/09/2002 - 20:49 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Excelente sua colocação, Gabriel.

Médicos são apenas seres humanos, com habilidades e formação para o tratamento do corpo e, muitas vezes, da alma de seus iguais.

Há todo um mistério ao redor de médico e seus poderes, que remonta aos tempos pré-históricos, pelo fato dele lidar com o corpo e seus segredos. E tudo o que se relaciona com o corpo envolve situações delicadas.

Cada um é o que é pq tem saúde. No momento em que sua integridade está em risco, o homem toma-se de pânico. Ficar face a face com a morte ou sua possibilidade é desolador, inquietante e absolutamente inesperado. Não é Mastercard, mas não tem preço. E as pessoas pensam que nós, médicos, não deveríamos cobrar, afinal, somos médicos! Ora, se somos médicos, somos bem de vida, pagamos por livros caros, vivemos dependentes de papai e mamãe até mais tarde, haja vista quie Medicina é a faculdade que mais dispende tempo de formação (6 anos de curso regular e mais 2 a 4 de pós-graduação). E como não é bem de vida? É o que todos pensam. Quanta balela. Se vissem o contra-cheque de um médico iniciante da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (à qual pertenço), iriam rir ou apiedar-se, quando vissem o vencimento de R$496,00 (sim, isso mesmo, quatrocentos e noventa e seis reais), mais uma insalubridade de R$95,00 (que não paga um antibióticvo sequer, em caso de infecção hospitalar, onde vivemos)e adicional noturno, em caso de plantão. Tudo isso bruto, pois ainda incidem descontos legais. Dá pra viver? Dá pra pagar apartamento, carro, escola de filho? Alguém imagina filho de médico em escola pública?



Apesar disso, um médico não conseguiria fazer outra coisa (a não ser poesia... risos...) e acaba se sobrecarregando de trabalhos, contrariando leis da física de que um corpo não pode ocupar dois lugares no espaço (ou seria o inverso?). Seja lá como for, o dia do médico não tem menos de 48 horas.



Não dá cansaço? Não dá depressão? Não dá solidão?



Os maiores índices de doenças em médicos estão na casa das depressões (com elevado índice de suicídios) e das mortes súbitas (infartos fulminantes), inclusive nas mulheres (que Deus me ajude).



Mas a gente tá lá. Pega na mão do doente, afaga, escuta, cuida, lembra dele em nossos momentos de lazer, ouve pelo celular, na madrugada, em suas aflições. E no fim das contas, recebe artigos como esse que vc, Gabriel, recebeu (tb recebi, e de uma pessoa que sabe que sou médica - pura provocação), além de processos por erro médico (a maioria simples fatalidades) e difamações na imprensa, pra vender jornal. Somos as maiores vítimas de calúnias, notadamente no âmbito de assédio e abusos sexuais. Vc se lembra de ter lido nos jornais algo sobre um Arquiteto Pedófilo? Ou um Engenheiro Tarado? Um Físico que apalpa moléculas maliciosamente? Um Advogado Necrófilo?

Enfim, o corpo e seus mistérios...

As facilidades de se tocar no outro, associadas às carências e a imaginações férteis e não tão íntegras, propicia que a imprensa divulgue ou aumente informações não confirmadas. Conheço médico inocente, que foi chamado de assassino pelos jornais antes do julgamento do qual foi inocentado, sem direito a retratação, perdendo clientela e uma carreira de 20 anos de correção e brilhantismo. Basta um pingo de café num copo cheio de leite para que ele perca sua brancura.



Quero parabenizá-lo pela isenção e o jeito doce com que discorreu sobre o assunto (eu sou mais passional e me insuflo toda com esses ataques de quem não faz idéia o quanto é difícil abrir mão de sua própria família para cuidar da família do outro, e receber como paga uma acusação qualquer infundada).



A única semelhança com Deus, que me lembre, em relação ao médico, é que Ele foi e nós somos crucificados por quem curamos.



Um grande abraço,



Lílian Maial

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