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Teses_Monologos-->O códice do futuro .- Parte 3. -- 17/03/2003 - 16:57 (Jose Angelo Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dando continuidade ao trabalho códice do futuro, quero dizer que outra revolução da leitura é a que diz respeito ao estilo de leitura; na segunda metade do século XVIII, à leitura intensiva haveria de suceder outra, qualificada de extensiva. O leitor intensivo é confrontado com um corpus limitado e fechado de textos lidos e relidos, memorizados e recitados, ouvidos e sabidos de cor, transmitidos de geração a geração. Os textos religiosos, e em primeiro lugar a Bíblia nos países protestantes, são os alimentos privilegiados desta leitura, fortemente marcada pela sacralidade e autoridade. O leitor extensivo, o da Lesewut, da ânsia da leitura que toma conta da Alemanha no tempo de Goethe, é um leitor totalmente outro : ele consome muitos e variados impressos; lê-los com rapidez e avidez, exerce em relação a eles uma atividade crítica que, agora, submete todas as esferas, sem exceção, à dúvida metódica. Por outro lado, para o grupo mais extenso dos leitores, para os mais humildes- os dos chapbooks ou da literatura de cordel, a leitura conserva, de forma duradoura, os traços de uma prática rara, dificil, que supõe memorização e recitação de textos, os quais, devido a seu número restrito, se lhes tornam familiares, sendo, na verdade, antes reconhecidos que descobertos. Em nosso tempo, precisamos de outras espécies de livros, de literatura, de revistas especializadas e de obras de referência. É preciso que os novos livros funcionem como máquinas, à maneira da Enciclopédia de Diderot , e sinalizem os seus caminhos, para que o leitor possa entrar facilmente em seu interior e encontrar rapidamente o que procura. É preciso que as obras estejam abertas à navegação do leitor, para que ele escolha livremente o seu percurso e faça suas próprias descobertas. É preciso que os dispositivos de pesquisa sejam ágies e inteligentes, permitindo chegar-se ao conhecimento desejado com um minimo de atropelos e sem constrangimentos de ordem geográfica, econômica ou institucional. O pefil das bibliotecas já está mudando radicalmente, em muitas delas, os livros estão sendo digitados e armazenados em CD-ROMs ou em gigantescos memórias on line, de modo a permitir o acesso remoto e a pesquisa a partir de qualquer palavra na língua-sede. Se o livro vai morrer ou não, essa é uma discussão restrita apenas aos circulos de filólogos, pois, no fundo, tudo é uma questão de definir o que estamos chamandos de livro. O homem continuará, de qualquer maneira, a inventar dispositivos para dar permanência, consistência e alcance ao seu pensamento e às invenções de sua imaginação. E tudo fará também para que esses dispositivos sejam adequados ao seu tempo. A sabedoria, como dizia Brecht, continuará sempre passando de boca em boca, mas nada impede que estendamos um microfone às bocas que falam, para lhes dar maior alcance. Com o texto eletrônico, a coisa muda. Não somente o leitor pode submeter o texto a múltiplas operações ( pode indexá-lo, colocar observações, copia-lo, desmembrá-lo, recompô-lo, deslocá-lo etc.) mas pode ainda tornar-se seu co-autor. O texto eletrônico, pela primeira vez, permite superar uma contradição que obsedou os homens do Ocidente : a que opõe de um lado o sonho de uma biblioteca universal que congregasse todos os livros já publicados, todos os textos já escritos, esgotando todas as combinações das Letras do alfabeto. "Quando se proclamou que a Biblioteca abrangia todos os livros, a primeira reação foi uma felicidade extravagante", essa felicidade extravagante a que se refere Borges, nos é prometida pelas bibliotecas sem muros e até sem lugar, que serão provavelmente as de nosso futuro. -José Angelo Cardoso. Poeta, contista, artista plástico. São José do Albertópolis.-Guaira-SP.
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