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Artigos-->Brasil, o País do Futuro (?) -- 14/09/2002 - 11:11 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Vamos às Compras. Eleições à Vista

(Domingos Oliveira Medeiros)



O processo eleitoral brasileiro necessita, urgentemente, de reparos. Há muitos aspectos envolvidos na questão que, no meu entender, ao invés de ajudar ao eleitor a fazer a melhor escolha, só serve para confundi-lo ainda mais.



A imprensa, parte dela, não tem realizado um bom trabalho. Não se presta às discussões acerca dos programas dos candidatos. Não informa sobre suas experiências e seus eventuais defeitos. Tem sido parcial em alguns momentos. E dá muita ênfase à troca de insultos, ao fuxico e aos escândalos. Além de quase nada falar a respeito dos candidatos ao Senado e Câmaras Federal e Estaduais, pelo menos nas cidades consideradas mais expressivas, do ponto de vista eleitoral.





Por outro lado, não se discute a validade científica das pesquisas eleitorais. Mas da maneira como elas vêm sendo utilizadas, aqui no Brasil - com muita antecedência ao dia da realização das eleições, com periodicidade quase que semanal e com o agravante de os profissionais marqueteiros, que transformam os candidatos em verdadeiros produtos para consumo imediato -, o problema passa a ficar mais sério, mais complexo, merecendo, no meu modo de ver, atenção redobrada por parte da Justiça Eleitoral.



Na verdade, eleição é coisa séria. Embora, em determinados momentos, assim não pareça. Elas envolvem o futuro de nosso país e o nosso próprio futuro. Significa dizer que das eleições dependem muito a qualidade do nosso presente, em relação a todos nós, aí incluídos nossos filhos, netos e assim por diante. Um erro de avaliação, na hora da escolha dos candidatos, poderá representar, no futuro próximo, menor geração de empregos, pior distribuição de renda, queda na oferta e na qualidade de ensino público, na prestação de serviços de assistência médica e previdenciária, e assim por diante, podendo, inclusive, inviabilizar todo e qualquer esforço produtivo que se fizer no sentido de galgarmos o tão almejado sonho do desenvolvimento econômico- social sustentado.



Voltando a questão das pesquisas, acredito que muita gente nunca foi consultada por qualquer desses institutos de pesquisas. Eu, pelo menos, não conheço ninguém: amigos ou parentes que o tenham sido.



Nunca tivemos, portanto, o privilégio, digamos assim, de compor a amostragem de cerca de 2000 entrevistados (geralmente é esse o número da amostra, e que considero insignificante para representar o universo total de eleitores), que teriam respondido às indagações contidas nos questionários de pesquisas eleitorais.



Aqueles questionários em que seus resultados são divulgados com ampla cobertura da mídia, que o anunciam com a célebre frase: "Se a Eleição Fosse Hoje", seguida dos percentuais obtidos pelos candidatos.



Igualzinho, tais pesquisas, à validade que é posta em prática durante as famosas promoções dos "Mc Donald´s", dos "Habib´s", dos "Bob´s" e de tantos outros fast foods deste país, quando oferecem comida rápida, para consumo imediato, a preço baixo. Justo e ironicamente para quem não tem tanta fome e nem precisa de tanta pressa para comer.



As pesquisas eleitorais, portanto, do mesmo modo que a oferta daqueles alimentos, não prestam os esclarecimentos necessários para que o eleitor ou o consumidor faça sua melhor escolha. No caso do eleitor, não se fala das qualidades e do programa dos candidatos. No caso dos alimentos, não se diz absolutamente nada sobre o teor de gorduras saturadas e açúcar contidos nos lanches ofertados. A única preocupação é com os lucros.



Lucro, no caso das eleições, obtidos a partir dos exíguos prazos de validade das pesquisas, que se renovam quase que diariamente, no intuito de aumentar a propaganda e a venda dos produtos, inclusive a partir de promoções de candidatos, que são mudados de posição, em cardápios variados, para motivar os consumidores. Ganham as empresas de pesquisas eleitorais, ganham os jornais e as televisões com sua divulgação, audiência e patrocínio, ganham os candidatos “escolhidos” para subir nas pesquisas. E perdem os eleitores e, quiçá, nosso país.



Melhor fariam estes institutos de pesquisas, se publicassem as regras e os critérios utilizados nas pesquisas, via Internet. Seria, pelo menos, mais transparente e democrático. E com amostragens bem mais significativas e seus instrumentos de avaliação bem esclarecidos. E os eleitores que quisessem poderiam registrar suas preferências. Tenho certeza de que os resultados, em relação aos até aqui apresentados pelos institutos, seriam outros. Talvez aí resida o desinteresse pela utilização da internet.



O que deveria acabar é a chamada "fulanização" das pesquisas; que não prioriza o debate de idéias. E sem a exposição de temas de interesse da população, não se pode mensurar nada de proveitoso.



Ficamos, a rigor, à semelhança das agências de matrimônio, onde o retrato do candidato ou candidata é apresentado tal como um produto para consumo: envolto em bonita embalagem, com seu conteúdo escondido pela máscara da propaganda enganosa, até que alguém, movido pela paixão e, portanto, alheios às cautelas ditadas pela razão, de repente, diante de um belo "produto", desse um salto da cadeira e gritasse: "Encontrei minha cara-metade política". É esse, não tem conversa"...na alegria, na dor, na desgraça, e até que a morte nos separe ou que termine nosso mandato!...".



A conclusão óbvia, ante o até aqui exposto, resume-se na constatação de que, insistir nestes questionários significa manter a desinformação e o desvirtuamento do objetivo principal da eleição, o voto consciente. Evidentemente que os desinteressados por política, mas fanáticos por jogos, apostarão, sempre, no fulano que estiver melhor cotado, segundo as pesquisas. É a opinião dos que não têm opinião. E que tem prevalecido para decidir as eleições.



O máximo que poderá acontecer é uma zebra aqui ou acolá. Mas zebra em eleições, com todo este aparato de marketing, infelizmente, não é todo dia que acontece. Tal qual na corrida de cavalos. Cria-se um pretenso favorito, que é sempre bem cotado, mas que, no final, acaba perdendo o páreo. No dia da corrida, a "zebra" aparece e surge o azarão para garantir o prêmio aos grandes apostadores, geralmente os mais bem informados e afortunados.



Também não podemos continuar com este mercado de candidatos. Candidatos-Produtos. Trabalhados por marqueteiros profissionais, que dizem o que eles devem pensar, vestir, falar e até a hora e a maneira de sorrir. Nossas chances de acertos nos jogos eleitorais passa, necessariamente, mais do que nunca, pela educação.



E o pior de tudo é que, depois de eleitos, os governantes adquirem o vício do marketing e passam a deixar tudo por conta de outra classe de marqueteiros. Os “especialistas” em economia. Que passam a comandar o jogo das aparentes soluções, até que cheguem novas eleições e tudo fica de novo, nas mãos dos marqueteiros políticos. E o Brasil, desse jeito, continuará sendo o eterno país do futuro.



Domingos Oliveira Medeiros

14 de setembro de 2002















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