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Artigos-->Parabéns JK -- 12/09/2002 - 11:35 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parabéns Juscelino Kubitschek de Oliveira

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Parabéns em todos os sentidos. Pelo centenário de nascimento, que se comemora nesta data. E por tudo que fez pelo nosso país. É certo que alguns irão lembrar mais dos erros do que dos acertos. Por questões partidárias, de ordem pessoal, enfim. Mas nós, que o admiramos, não vamos ser parciais. Reconhecemos em JK o grande estadista. Mas, como todo ser humano, cometeu erros e acertos. Muito embora seus erros e seus acertos são de qualidade superior aos dos que o sucederam.



O Brasil de Juscelino era um Brasil alegre. Confiante. Um Brasil sem lenço e sem documento; que passeava tranqüilo pelas ruas das cidades; de mãos nos bolsos, assobiando a canção que falava de um barquinho a navegar e de um cantinho e um violão. Época das grandes transformações. Tempo de bossa nova, que impressionou o mundo e despertou a curiosidade até dos nossos irmãos mais exigentes: os americanos. Tempo do Brasil bom de bola. Que trouxe , lá do reino da Suécia, o nosso primeiro caneco. Com Garrincha “entortando os gringos” com seu gingado mirabolante. Com sua maneira alegre e infantil de jogar bola. E nosso rei Pelé, que assumia o comando do futebol alegre e invencível. Que encantou o mundo inteiro.



Juscelino criou um cultura a partir de uma ideologia por contágio que acabou por culminar na descoberta de uma nova era. A criação de um brasileiro diferente. Mais alegre e mais otimista. Nelson Rodrigues, por exemplo, chegou a identificar o brasileiro, antes de JK, de cabeça-baixa; “o brasileiro morto sob o complexo de vira-latas. Foi antes da Copa de 58. Quando e o país ansiava por um salto na memória coletiva.” “A seu modo Nelson reeditava o Monteiro Lobato provocador do campo pela figura do Jeca Tatu, doente, abatido, sem brios.”



JK pegou na palavra, como diz o povo. E passou a inserir o país na sociedade de massa e de consumo, criando o novo brasileiro, mais confiante. E deu-lhe as condições necessárias para mostrar sua força e sua criatividade. JK concedeu incentivos fiscais e priorizou o transporte individual. Os carros ficaram mais baratos e começaram a ser produzidos no país.O setor cresceu 600%. “As fábricas de peças de “fundos de quintal” ganharam espaços e se tornaram grandes empresas. Ao contrário de hoje, havia companhias essencialmente nacionais, como a Vemag e a FNM, Fábrica Nacional de Motores, que produzia caminhões.



Assim nasceu a indústria automobilística. Antes de JK, caro era artigo de luxo. A década de cinqüenta era comum andar pelas ruas somente carros importados e caríssimos. A juventude “transviada” da época andava de Lambrettas.



JKJ tomava dinheiro emprestado no exterior. Mas manteve intacta a soberania nacional. Fazia uso independente da aplicação deste dinheiro. Não aceitava, como hoje, imposições do FMI. Chegou, inclusive, numa certa época, a romper com o FMI por conta de insinuações e ingerências daquele órgão nos problemas brasileiros. Diferente de hoje, onde mais de 90% do dinheiro que se toma emprestado, é destinado para rolar dívidas com o pagamento de juros. Não se dá notícias da construção de uma escola, de um hospital ou de um presídio que seja. E ainda dizem quanto, como e onde gastar o dinheiro. Impondo grandes sacrifícios à nossa população.



Cinco anos de trabalho. De 1955 a 1961. Cinco anos de progresso. De muito acertos. E poucos erros. O plano de metas de JK, elaborado, ainda, no governo Vargas, com a colaboração de técnicos do, então, BNDE (hoje BNDES), e da Cepal (Comissão Econômica para América Latia e Caribe), era composto de trinta metas, sendo que a construção de Brasília, que resumia todo o projeto de modernização, foi, por isso mesmo, denominada de meta-síntese. Seus alvos foram assim definidos: energia, transporte, alimentação, indústria de base, educação.



O primeiro desafio foi promover a interiorização do país de modo a atingir as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Havia poucas rodovias e as ferrovias existentes atendiam ao escoamento da produção via portos, ou seja, privilegiando o litoral. O processo de industrialização exigia, portanto, mais rodovias. Assim nasceu a Belém-Brasília, com 2,2 mil quilômetros de extensão. Depois vieram a Brasília-Acre, Fortaleza-Brasília e Brasília-Cuiabá. “O Brasil deixava de ser uma nação agrária e litorânea para se tornar articulado e industrializado”.



E começaram as pressões sobre o governo. Queriam que dessem o mesmo tratamento ao nordeste. Abandonado e com os eternos problemas das secas. E JK atendeu aos apelos. Era preciso atrair indústrias para a região. Foi então criado o Conselho de Desenvolvimento do Nordeste, mais tarde transformado na SUDENE. Celso Furtado foi seu presidente de 1961 a 1964. A prioridade, à época, era a produção de alimentos. A SUDENE teve a grande virtude de transferir a capital do Sul para o Nordeste, aquecendo a economia da região”, conforme palavras do cientista político e sociólogo da Universidade de Pernambuco, Dacier de Barros.



Quando recebeu a faixa presidencial, Juscelino encontrou um país essencialmente agrícola e com o seu desenvolvimento restrito ao litoral brasileiro. Rio e São Paulo principalmente. E nosso gigante estava, de fato, adormecido. Faltavam estradas, saneamento básico e empregos.



Quando entregou a faixa presidencial, JK deixou para o seu sucessor um país industrializado, com dezoito mil quilômetros a mais de rodovias. Promoveu o desenvolvimento do interior, começando pelas cidades vizinhas da nova capital, como Anápolis e Goiânia. “As áreas mais beneficiadas foram a indústria automotiva, que superou a meta do plano em 92,3%, o setor de energia elétrica, duas usinas foram erguidas. (Furnas e Três Marias). “A capacidade de produção de energia aumentou de 3,500 milhões de Kw para 4,770 milhões Kw no final de 1960. A energia nuclear também foi beneficiada. JK investiu na qualificação de pessoal e inaugurou o reator de pesquisas do Instituto de energia Atômica da Cidade Universitária da USP. O prof. Luiz Lopreato, da Unicamp, atesta que tais investimentos foram fundamentais para o processo de industrialização do país: “Se os presidentes que ocuparam o Planalto nos anos 90 tivessem investido também nessa área, não teríamos convivido como fantasma do apagão no ano passado.”A área de siderurgia também cresceu cerca de 100%.



Houve endividamento externo? Sim. Este foi um dos problemas deixados por JK. O outro foi na área da Educação. Não houve mais tempo e recursos para investir na área de ensino. E, desse modo, o país foi industrializado, com massa de trabalhadores sem o conhecimento necessário para tocar adiante o progresso que fora plantado. Porém, a despeito de tudo isso, fico imaginando se o JK tivesse tido a oportunidade de mais um mandato. Os indicadores da época, com todos os erros e acertos, comparativamente aos de hoje, de FHC, são sugestivos. Crescimento do PIB de 8,6%, contra 1,5% de hoje; Inflação de 47,7%, contra 9,99% de hoje; salário mínimo de R$ 155, contra R$200 de hoje; Dívida Externa de US$ 3,907 bilhões, contra US$220 bilhões do governo FHC. Sem considerar que hoje estamos sem nossos bancos oficiais, nossas empresas de siderurgia, telecomunicações e distribuidoras de energia, que foram todas privatizadas.



Resumindo, vale lembrar que a descontinuidade administrativa após Juscelino foi muito prejudicial ao país. Os governos que o sucederam continuaram a política de endividamento externo. Porém, para utilizar as palavras do cientista político Dacier de Barros, da Universidade Federal de Pernambuco, “Pedir empréstimo no exterior não é problema. Todo país em desenvolvimento faz isso. Ruim é não saber administrar esses recursos.” JK investiu todo o dinheiro: construiu uma cidade e investiu na indústria de base, energia e siderurgia, por exemplo, abrindo caminho para o desenvolvimento sustentado desse país. E hoje? Com tanto empréstimo, impostos, privatizações, etc., o que temos de resultado e de herança de oitos anos de governo?



FONTE: o Legado de Juscelino. Série de Reportagens “100 Anos de JK”, publicadas no Correio Braziliense. Sexto Caderno. Jornalistas Guaíra Flor e Mariana Ramos.



Domingos Oliveira Medeiros

12 de setembro de 2002

























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