Ando meio decepcionado com a “opinião” ou com meus julgamentos pessoais e o julgamento das outras pessoas, questiono muito o valor dessas coisas, já que usando uma ótica mais apurada (olha só eu já fazendo um julgamento e criando um conceito) chega-se a conclusão que essas coisas são muito subjetivas e por isso são apenas valores e personagens do pensamento individual e pouco tem haver com o que eu chamo de “verdade verdadeira”.
A “verdade verdadeira” seria aquela onde não cabem questionamentos ou dúvidas, uma verdade suprema que não é fruto do pensamento de ninguém e sim de algo muito maior que nós e nossas mentes não atingem, não posso falar que seja Deus porque isso seria parte das minhas convicções e crenças (e isso poderia ferir a crença de alguém, por exemplo, não seria “politicamente correto”), mas algo tão grandioso que nunca seremos capazes de alcançar com o pensamento.
A ciência é capaz de descobrir todos os segredos que surgiram e surgem, explica como eles funcionam e descobre quando apareceram, mas ela falha quando não sabe dizer o porquê dessas coisas existirem (Por que a humanidade existe? Por que no espaço de um estante a vida se vai? Existirá vida depois da morte? Onde está Deus e por que ele criou o universo?) e é onde muitas vezes entra a religião criando o sobrenatural e a onipresença de um Deus vivo (e acomodando muitas perguntas sem resposta).
A graça de uma opinião está exatamente no conceito pessoal de quem a emite, é como vemos uma coisa com os olhos de outra pessoa (isso é algo muito agradável, funcionamos como voyers observando a mente do outro), podemos concordar ou não, mas nunca poderemos saber da “verdade verdadeira” dessa maneira.
Quem adquire sabedoria com o passar dos anos é a pessoa que mais se aproxima dessa “verdade verdadeira”, que está também nos livros, no relacionamento com as pessoas, na fé, com o amor e nos próprios anos que vivemos, cada dia uma conquista e a cada dia uma lição.
A cada dia que passa nos reinventamos (para melhor ou para pior?) e estamos em constante mudança (o homem sob o ponto de vista da evolução continua evoluindo nesse exato momento, somos homo sapiens agora, mas daqui a alguns séculos seremos uma espécie mais evoluída), o problema pode estar na exagerada confiança que depositamos em nossos sentidos (visão, olfato,tato,audição,paladar e o sexto sentido a intuição) e nos baseamos muitas vezes neles para ter a completa percepção da realidade e construirmos nossos sistemas de valores e códigos de conduta, além de nossa personalidade e jeito de viver e encarar a vida.
Somos muitas vezes traídos pelos sentidos, a visão pode ser facilmente ludibriada com ilusões de ótica e efeitos especiais no cinema, por exemplo, além da cada pessoa ver a mesma coisa só que de uma maneira diferente e além dos outros sentidos que não 100% eficientes em registrar o que realmente acontece.
A “verdade verdadeira” poderá estar exatamente naquelas coisas que dizemos serem eternas e universais, como a matemática, por exemplo, 2+2= 4 sempre e em qualquer parte do mundo, como as cores (azul é azul para todos), os objetos (como um cavalo será sempre um cavalo para todos, suas características podem mudar, são mais altos ou mais baixos,podem ser brancos ou de qualquer cor, mas cavalos são todos iguais, tem o mesmo formato, assim como qualquer animal ou objeto, existe uma idéia básica e uma origem em comum), somos limitados pelo mundo dos sentidos, estamos presos nele e não há como escapar.
Não podemos ter senão opiniões incertas sobre tudo aquilo que sentimos ou percebemos sensorialmente, idéias imperfeitas ou aproximadas da realidade, mas porque se preocupar com a “verdade verdadeira” se ela é inalcançável?
Talvez porque no fundo da alma o homem saiba que veio de um lugar comum a todo o universo e já vez parte dessa”verdade verdadeira”, talvez porque justamente aquilo não sabe explicar é exatamente aquilo que ele mais busca compreender.
