ANIVERSÁRIO SEM BOLO E SEM PARABÉNS
(por Domingos Oliveira Medeiros)
O terror desferiu golpe mortal no centro de segurança e inteligência da maior potência. Atordoados, os americanos procuravam entender porque falharam. Várias foram as causas possíveis. A começar pela escassez de espinafre, que deixou sem forças o marinheiro Popeye. O Fantasma, com mais de 300 anos, padecendo de arteriosclerose, nada pode fazer. O Super-Homem, acometido de criptonite aguda, causada pelo buraco de ozônio, não pode alçar vôo e segurar as duas torres, em pleno ar. Restou ao repórter Clark Kent consolar a pátria, conclamando o povo para unir-se ao Capitão América e revidar humilhante ataque.
Peço a Deus (e ao Mandrake) o milagre (ou a mágica) de iluminar a mente de Bush para que o tiro não acerte a culatra dos inocentes, pois a hora é de refletir na sabedoria de Cristo: “ Todos os que tomam da espada perecerão pela espada”.
Infelizmente, após um ano do inusitado e deplorável ato de terrorismo, prevalece a insensatez. O governo americano insiste em criar um clima de guerra permanente no planeta.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Os EUA tem seguido à risca, tal assertiva. Haja vista o lançamento seqüencial de comida, logo após a enxurrada de bombas (mísseis) lançadas no Afeganistão.
Bombas, segundo a imprensa, ao custo unitário, à época, de um milhão de dólares. Imagine-se o custo do bombardeio diário e o acumulado ao final da guerra.
Se é que, um dia, terá fim. Os bombardeios se voltam agora para o Iraque. E depois? E depois? Desperdício, que poderia ser evitado, não fossem o orgulho ferido e o desejo de vingança, sobrepondo-se à razão e ao bom senso.
Melhor fariam, invertendo a ordem dos gastos, ou seja: Aplicar o equivalente aos recursos consumidos na produção e lançamento de mísseis, em programas de ajuda às comunidades menos favorecidas do planeta. Ou colaborando com os objetivos do evento Rio + 10. Que pretende cuidar melhor do nosso meio ambiente. Do planeta onde vivemos.
Desse modo, estaríamos criando um ambiente favorável à colaboração espontânea das populações no combate a todas as formas de terrorismo.
De quebra, prestaríamos um imenso serviço aos ideais humanitários de liberdade e de paz.
E estaríamos hoje, aí sim, comemorando, em grande estilo, o aniversário do bom senso e da fraternidade entre os povos.
Domingos Oliveira Medeiros
11 de setembro de 2002
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