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cronicas-->Conversa de Pronto Socorro -- 26/12/2003 - 11:09 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Boa Noite moço
- Boa
- Que horas são?
- Nove e trinta e cinco
- Esse atendimento não muda, sempre atendem mal e demora muito. Nem morrendo gente aqui, morre por uma mudança.
- É senhora, mas a culpa é nossa. A gente aceita tudo calado, finge que não vê, principalmente quando se é o primeiro da fila.
- É verdade moço, devíamos tomar uma atitude.
- Sabe moço...Ah meu Deus!
O Rapaz encostado na parede, de repente desabou. Os maqueiros vieram junto ao enfermeiro, que observou a sua pressão e algo mais, após esse ato, o colocaram na maca, de volta a fila.
De repente o rapaz posterior disse:
- Senhora a fila está andando, empurre a maca e vá mais à frente.
- Ah... obrigado, até que enfim, andamos um pouco.
Outra vez, para a ambulància, os maqueiros se agitam com a maca e alguém todo ensanguentado sai do carro gemendocarregado pelos bombeiros até a maca.
Um homem todo de branco forte e alto sai da sala de atendimento e diz:
- Leve-o a sala de cirurgia imediatamente. E olhando a fila a sua porta de atendimento, vê aproximadamente quarenta e três pessoas, passa a mão no rosto, faz uma caricatura, sem coragem de falar algo segue a maca.
A fila estagnada e a senhora se volta para o rapaz anterior a ela, pois o posterior segue na maca, ainda desmaiado.
- Puxa será que foi acidente?
- É senhora está com cara. O rapaz estava muito ferido.
- Esse nosso trànsito é horrível.
- A senhora vai me desculpar, mas horrível somos nós.
- É você tem razão. Só um pouco de consciência e muita coisa faria diferença.
- Mas moço, o que você tem?
- Ah! Estou com uma dor, abaixo da linha da cintura, bem próximo da região dos rins.
- É meu filho, deve ser rim.
- Dizia a minha mãe, que chá de quebra-pedras, com canafisto e almocrescido, não tem. É ótimo. Tem gente até que já pós a pedra.
- Vou anotar, de repente a gente nunca sabe. Tem remédio caseiro que é bem melhor que os químicos. Além do mais esses médicos de hoje, não são muito confiáveis.
- Esse é outro ponto que você tem razão.
Uma hora e meia depois os pacientes começaram a reclamar da fila que não andava. Houve até duas senhoras que foram lá na sala dos enfermeiros dizer uns desaforos, quando a luz apagou.
Cinco minutos mortais, voltou, voltou com um barulho infernal, voltou com o atendente justificando o porquê da fila parada...
Para quem entrou as sete da noite, meia noite não era nada, comparado a quem estava desde as cinco, desde as duas.
Ai chegou de novo a ambulància, com um rapaz calado, só um pouco de sangue na roupa.
Os maqueiros, um senhor já idoso e outro bem jovem se incubiram de empurrá-lo a pedra.
Todos olharam e comentaram, que com a chegada daquele outro paciente, mais tempo iriam passar na fila, pois pelo jeito só havia um médico.Por outro lado, a senhora e o rapaz anterior a ela comentavam, sobre o que teria acontecido aquele outro rapaz.
- Acho que foi assalto?
- É está com cara. A nossa cidade está tão violenta.
- A gente já não anda em segurança.
- É meu filho antigamente, se dormia até com a janela aberta. Hoje porém temos que ter chave das chaves.
- Senhora qual o seu nome?
- Ah!...é Deusa. E o seu nome qual é?
- É Marcos. A propósito o que a traz aqui?
- Umas dores na barriga.
- É pode ser fígado.
- Não meu filho.
De súbito ela levanta os óculos escuros e mostra-lhe o rosto.
- Credo! O que foi isso senhora?
- É meu marido. Sempre que ele bebe é assim.
- Bom é uma boa pessoa, mas bebeu ele quebra tudo dentro de casa, bate nos meninos e em mim.
Ela começa a chorar, a fila retoma a sua lenta caminhada e o rapaz diz:
- Senhora, por que na faz uma denúncia à polícia?
- Não meu filho você não entende, ele sempre diz que vai me matar. E é um homem muito violento.
- Procure ajuda, fale aos seus parentes.
- Ninguém quer se envolver.
- A senhora faz o que?
- Sou cobradora de ónibus.
- Por que não vai embora, morar em outra casa. A senhora não depende dele.
- Ah moço, você é tão simpático.Mas também é tão novo.
- O próximo! disse o médico.
D. Deusa entrou no consultório. E um minuto e meio depois Marcos entrava e ainda chega a ver D. Deusa indo embora abraçada, sob beijos, com um rapaz de quase vinte e cinco anos.

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