QUANDO EU MORRER
No dia em que eu morrer, na campa fria
onde eu sonhava descansar um dia,
tantas vezes que o destino me esqueceu...
Cruzem minhas mãos sobre a minha poesia,
como em derradeira prece de agonia
tal qual preces que em vão levei a Deus!
Quero levar também meu triste fado
e o que restar de todo o meu passado,
minhas mágoas e meus torpes dissabores...
A minha voz, no silêncio esquecida.
Eu vou levar todas as dores desta vida
e sepultar comigo meus amores...
E levarei dos meus olhos todo o pranto,
a minha alma, meu perdido contracanto,
tudo que eu quis dizer nestes meus versos...
Quero que seja liberdade minha viagem.
Quando ninguém quis ouvir minha mensagem
e eu vivi de sonhos loucos e dispersos!
E eu verei, então, o raiar de novo dia.
olvidarei o tempo vão de fantasia
e o inútil pranto, mergulhando os olhos meus...
Então, em paz, abraçarei a fria morte!
Não chorem, pois é de todo mundo a sorte.
E, enfim, terei o que sempre peço a Deus!...
Autora: Milla Pereira
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