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Contos-->O PERFIL DA MULHER SEM ROSTO -- 17/05/2005 - 13:15 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PERFIL DA MULHER SEM ROSTO


- Olá, tudo bem?
- Tudo... Você quer falar com quem?
- Com você mesmo...
- Com você mesmo, quem?...
- Você não é o escritor?...
- Quem está falando?
- Você não conhece... Fui eu que te escrevi muitas vezes... Sou a Shika...
- Shika!... Como descobriu meu telefone?
- Rastreei você até encontrar... Sou fascinada por você... Pelo que escreve... Já viu que escrevo também?
- Li alguma coisa...
- Nem precisa comentar... Sei que escrevo mal.
- (...?)
- Tenho uma fantasia por pessoas estranhas como você.
- Estranhas, como?
- Ah, cara! Você sabe de que estou falando. Você mesmo diz que é estranho... Sabe que já li quase tudo que você escreveu na Internet?... Você é mesmo estranho. Eu adoro... Curto de montão...
- Você está falando de onde?
- Você não gosta que saibam de você, mas gosta de saber dos outros, não? (Risos)
- Principalmente quem liga pra minha casa sabendo mais do que deveria saber sobre mim.
- Não sei tanto de você como gostaria... Só o suficiente pra ser fascinada por você... Sua voz é bonita... Leio seu texto sobre a sua idade, e fico fazendo as contas pra descobrir quantos anos tem. Pela voz dá pra saber que não me enganei... Foi pra mim que escreveu aquele texto sobre o amor?...
- Não escrevi nada pra ninguém da Internet...
- Você fala exatamente como eu sou... Conhece meu coração, ou melhor, minha alma como a palma da sua mão. Sabe que eu procuro os homens nas ruas e fico com eles, pensando que é você?... Sabe que sou eu quem não vejo os rostos dos homens com quem fico? Sabe que foi você que eu vi quando disse aquilo do final do conto? Cara, você é, tipo assim, um Jesus pra mim...
- Você acha que é “A Mulher dos Homens Sem Rosto?”
- Acho não. Tenho certeza... Você investigou minha vida e escreveu...
- Desculpe, mas está delirando... Não tive nenhuma pessoa em mente quando escrevi. Foi tudo fruto da minha imaginação... Uma dessas inspirações sem modelos...
- E daí?
- Daí, o quê?
- Gosto quando você fala assim de mim... Fala mais, vai!...
- Desculpe moça, tenho que desligar. Estou muito atarefado hoje...
- Duvido que você queira desligar, cara. Eu sou o centro da sua vida. Você pensou em mim o tempo todo. Você me ama mais do que a si mesmo. Sei que se eu disser que vou desligar, vai implorar pra que eu não o faça. Nós nascemos um para o outro, cara. Você não vive sem mim...
- (...)
- Não vai desligar?... Desliga!... Se desligar, vou sumir da sua vida pra sempre, tá sabendo?...
- Desculpe, mas você não é uma pessoa normal...
- E você pensa por acaso que é normal?... Você vive escrevendo que é estranho... Você sabe disso mais do que ninguém, cara!... Estou certa, ou não? Sei ou não sei tudo sobre você?... Sou ou não sou analista de escritor?... Não vai desligar?...
- Não vou porque preciso saber quem é você...
- Você acha que ofereço perigo?... Acha que sou uma assassina que mata escritores em série?... Sua imaginação é muito fértil, cara!... Você vive os personagens que cria, como naquele filme sobre o escritor.
- Você é quem está vivendo isso... Desculpe, moça, mas confesso que estou muito surpreso com tudo que está acontecendo. Ou você é muito louca, ou está brincando. De qualquer forma, é uma pessoa inteligente, e a brincadeira é muito bem pensada...
- Que mais... Adoro quando fala de mim. Mesmo que seja um absurdo... Vejo o quanto é inteligente, e tem a mente rápida e fértil...
- Mas a sua é assim também...
- Quando vai escrever mais a meu respeito?
- Hoje mesmo. Vou escrever essa conversa louca e publicar na Internet como faço com todos meus textos.
- Oba, que legal!... Vai mesmo, cara?... Vou te ligar outras vezes então... Passe bem, meu criador... Você é meu deus, sabia?...
(Risos. Desligou).
.......
Recebi esse telefonema dos mais estranhos de uma pessoa desconhecida. Confesso que tive vontade de desligar, mas fui tão envolvido pela conversa que não tive como não ouvir até o fim. Transcrevo acima parte que me lembro do diálogo.
Opino que tem uma personalidade muito interessante, digna de uma análise de Freud...

*
Adelmario Sampaio
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