Meu corpo destacou dois arcanjos amigos de infância
Que conheceram a árvore da maçã que Eva provou sem conhecimento de Adão no Paraíso Perdido,
Paraíso mítico também chamado de Éden
São dois arcanjos de confiança
Um, bom de espada, Miguel, na função de segurança
E outro, bom de mensagens, Gabriel, na função de inspirador dos estados de poesia
Nossa cabana tem água corrente
Cama e banheiro iluminado a neon
Sabonetes e perfumes fabricados de óleo extraído de cascas de ostras colhidas nas costas do Hawai
Após o ritual das estrelas
Eu te pegarei no colo até ao teu leito e serás rainha no ingloo
Como nos tempos dos sobas africanos experientes em haréns copiosos
Treinados nos aromas de mulher
Inebriados pelo mito chamaremos Miguel Arcanjo
Para ele nos contar a história de como Eva colheu a maçã da árvore perturbadora e tentadora
Após a narrativa, tu mesma assumirás a experiência
De colher essa manzana
De prová-la
E de me dares um dedal de seu prodigioso suco
Embalados na saga do Éden
Partiremos para o sonho de recriarmos literalmente o Paraíso
Nos papéis de Adão e Eva
Olharemos nossos corpos liricamente descobertos
E acolheremos as suaves brisas tocando nosso sangue
Que se encarregará de elaborar o cocktail da sedução
O Paraíso começará a ser recriado em nossos olhos e em nossos corpos animizados
Que renascerão e farão desta noite de gala uma estrondosa e cósmica noite estrelada
Gabriel aportará com as melodias dos céus infinitos e nos espaços milenares do Cosmos os astros ensaiarão espetáculos de luzes e de descargas magnéticas
Entre sedução e deslumbramento acordaremos para a voz real do universo
E entenderemos este jogo singular de energias confraternizando, se seduzindo e se combinando
E do mítico jardim do Éden
Troarão vozes de grande sentido humano que se associarão a nós
E outros anjos da terra recolherão variadas e saborosas ambrosias de todos os cantos do Jardim
E espalharão a felicidade pela terra
E virá à tona a memória de todos os troncos, folhas, ramos e pólens
E o sucesso de todos os que embalados na mítica história
Usaram a luz de seus corpos e de suas mentes
E seus sentidos avançados de orientação
De posse da lição do Éden, usaremos nosso carinho e nossa ternura
A luz dos olhos, o tato lírico de nossas mãos
E a divina sensação de nossa pele
Para chegarmos em sonho de navegação até aos estuários
Dos grandes rios da Amazônia onde avulta
A grandeza dos largos leitos e das praias brancas
Na intimidade ensaiaremos os rituais próprios de uma noite de gala...
E ficaremos assim felizes e unidos até ao raiar da aurora
Como nas alvas medievais das cantigas de amigo
E embutiremos no lírico sol do dia
O próprio brilho da luz de Apolo que brotará de nossos olhos felizes.