ei,
esta poesia ei fiz pra você
você aí, esquecido
completamente decadente
completamente comum e meramente mortal
bem escondido entre números e milhões
ei !
você que passa,
que não passa,
que se eterniza
em coisas tremendamente frugais
mas que é sobretudo humano
fundamentalmente humano
humano de feição pobre,
rota, esfarrapada
ou de feição limpa, elegante
bela e engomada
você que é homo medius
homo sapiens que não sabe
o absolutamente razoável e previsível
ou apenas o inquestionável
que se repete,
se repete
e se perde
nas infinitas reticências]da vida
você nem me conhece
nem conheceu
mas eu vi coê,
eu percebi
você num relâmpado]do espelho medonho
da própria humanidade |